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ARMA
Exército e terroristas japoneses se destacaram no uso de antraz, gás sarin e peste bubônica
Japão é exemplo na guerra biológica
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não vêm do Oriente Médio,
mas sim do Japão, os melhores
exemplos modernos do uso de armas biológicas e químicas, incluindo o uso de antraz, peste bubônica e gás sarin.
O gás sarin foi utilizado por integrantes da seita Aum Shinrikyo
(Verdade Suprema), que fizeram
um atentado no metrô de Tóquio
em 1995, matando 12 pessoas e ferindo centenas.
Durante a Segunda Guerra
Mundial os japoneses fizeram experimentos com seres humanos
em instalações na Manchúria, região ao norte da China que estava
ocupada pelo Japão.
Cerca de 3.000 prisioneiros de
guerra -incluindo chineses, coreanos, mongóis, soviéticos, americanos, britânicos e australianos- viraram cobaia dos militares japoneses em locais como a notória Unidade 731. Pelo menos
mil morreram em consequência
de experimentos envolvendo
agentes de guerra biológica como
antraz, botulismo, brucelose, cólera e peste.
Um episódio pouco documentando foi o possível bombardeiro
de uma cidade chinesa em 1940
com arroz contaminado e com
pulgas transmissoras da peste bubônica. Pelo menos outras 11 cidades teriam sido atacadas com
material contaminado.
Curdos
Vários países já usaram armas
químicas em conflitos modernos,
desde seu uso disseminado na
Primeira Guerra Mundial. Mais
recentemente foi o caso dos iraquianos contra suas populações
curdas e contra os iranianos em
guerra na década de 80.
Na Segunda Guerra nenhum
dos lados usou armas químicas,
pois isso traria retaliação imediata. Não era uma atitude "humanista", mas sim pragmática. Se
houvesse o risco de arma química, os exércitos teriam de usar caras e desconfortáveis roupas especiais e máscaras, que prejudicariam a eficiência em combate.
Por isso mesmo casos envolvendo armas biológicas são ainda
mais raros, pois há grande perigo
de os agentes biológicos também
afetarem as forças atacantes.
Seu uso como terrorismo é mais
compreensível, pois o objetivo seria provocar pânico e mortes sem
discriminação.
"Desde que a seita apocalíptica
japonesa Aum Shinrikyo liberou
o gás nervoso sarin no metrô de
Tóquio, os incidentes terroristas e
os alarmes falsos envolvendo
agentes tóxicos ou infecciosos estão em ascensão", afirma o especialista Jonathan Tucker, do Instituto Monterey de Estudos Internacionais, da Califórnia.
"Efeito cópia"
O caso japonês provocou o chamado "efeito cópia", em que a divulgação pelos meios de comunicação tende a produzir imitadores, como se nota nos casos de
adolescentes que levam armas ou
mesmo matam em escolas.
"Antes do final dos anos 90, o
FBI investigava tipicamente uma
dúzia de casos por ano envolvendo a aquisição ou o uso dos materiais químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares; entretanto o
FBI abriu 74 dessas investigações
em 1997 e 181 em 1998. Embora
80% desses incidentes tenha sido
alarmes falsos, alguns foram ataques mal sucedidos", diz Tucker.
A manipulação de agentes de
guerra química ou biológica exige
muito cuidado, o que foi revelado
por um acidente em 3 de abril de
1979 no Instituto de Microbiologia e Virologia em Sverdlovsk, então União Soviética.
Há estimativas de que tenham
morrido 66 pessoas devido à inalação de esporos da bactéria causadora de antraz, além de um número ainda maior de pessoas infectadas com a bactéria.
Os soviéticos negaram que o
acidente tivesse relação com um
programa de armas biológicas. Só
em 1992 o então presidente russo,
Boris Ieltsin, admitiu que, de fato,
o acidente envolveu um lançamento acidental de esporos de antraz no ar.
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