São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001

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Paris divulga plano contra ataque biológico

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

A possibilidade de um ataque biológico está sendo levada a sério pelo governo francês.
Ele divulgou há uma semana o seu plano de ação contra o bioterrorismo, que leva o nome futurista de Plano de Urgência Biotox.
O plano desenvolve em "nível acelerado" um projeto anterior, de 1999, chamado Vigitox. É orquestrado conjuntamente pelos Ministérios do Interior, da Defesa e da Saúde.
Até então o plano era secreto. A sua divulgação, bem como a de outras medidas antiterroristas na França, foi feita pelo primeiro-ministro, o socialista Lionel Jospin, depois de pressões políticas após os casos registrados de antraz nos EUA, não ligados até agora a atividades terroristas, e o medo que eles despertaram em várias partes do mundo.
O ministro da Saúde, Bernard Kouchner, detalhou em seguida o projeto.
O plano Biotox tem três frentes de luta: a prevenção, a vigilância e a intervenção, no caso de ataque. A prevenção consiste em tomar precauções com os circuitos de alimentação da água potável, os lugares de estoques farmacêuticos e os de detecção e circulação de produtos biológicos de alto risco.
No plano da vigilância sanitária, a informação sobre manifestações de doenças suspeitas é o ponto mais importante do programa francês. Uma lista de doenças será divulgada em breve pelo governo, na qual estará incluído o antraz.
Todo fenômeno incomum, seja epidemiológico ou clínico, deverá ser imediatamente comunicado ao governo pelos profissionais de saúde.
Centros nacionais de referência sobre doenças infecciosas deverão estar disponíveis ao público durante 24 horas para realizar o diagnóstico em caso de alerta biológico.

Zonas de defesa
A intervenção em caso de crise está calculada por zonas de defesa no país, com hospitais destacados para colocar em ação equipes de descontaminação.
Apoio para a formação específica de médicos e enfermeiros já está em processo, bem como medidas para aumentar o número de leitos especializados nos hospitais franceses.
"O drama de Nova York demonstrou a necessidade de se dispor de uma grande capacidade de intervenção e reanimação", disse Kouchner, o ministro da Saúde. Haverá reforço das medidas de higiene e isolamento em todo o país.
O governo francês está também fazendo um levantamento sobre a quantidade de medicamentos de urgência e de vacinas disponíveis no país.
Os laboratórios serão convocados para assegurar a "disponibilidade máxima de produtos urgentes de saúde", prevê o programa.
O primeiro-ministro Jospin declarou que os laboratórios também "serão mobilizados para produzir antídotos".
Jospin solicitou a eles que iniciem pesquisas que busquem tratamento para agentes infecciosos que ainda não têm vacina.


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