São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001

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O SEXTO DIA

Ação também deve ser menos intensa no fim de semana, quando há feriado muçulmano

Em dia santo, EUA param ataques

Reuters/Departamento de Defesa dos EUA
Sequência mostra destruição de alvo que, segundo os EUA, integraria base afegã do Taleban


DA REDAÇÃO

Um dia após realizar seu ataque mais letal ao Afeganistão, a coalizão liderada pelos EUA fez uma pausa em sua ofensiva em respeito à sexta-feira, dia considerado sagrado pelos muçulmanos, que se dedicam a orações. Apenas o norte de Cabul foi alvo de mísseis, ainda na madrugada -não houve ações durante o dia nem na noite de ontem, o sexto dia da operação Liberdade Duradoura.
Oficiais norte-americanos a bordo do porta-aviões USS Enterprise no mar da Arábia confirmaram a interrupção por ser sexta-feira, mas informaram que aviões continuaram a conduzir vôos de reconhecimento e observação sobre território afegão.
A redução na intensidade dos ataques deve prosseguir neste final de semana em respeito ao Miraj Un Nabi, data que, no islamismo, marca a ascensão do profeta Muhammad.
"Nós temos consciência da importância dos próximos dias para o mundo muçulmano e levaremos isso em consideração em nossas ações seguintes", disse Lewis Moonie, secretário do Ministério da Defesa britânico. "Eu não ficarei surpreso se as nossas atividades neste final de semana foram muito menos intensas", declarou o secretário.
Em entrevista coletiva em Londres, Moonie afirmou porém que a coalizão não tem planos para desacelerar suas atividades militares durante o mês do Ramadã, que começará em 17 de novembro. É uma das principais celebrações do calendário muçulmano, período em que Muhammad recebeu a primeira revelação divina -durante o Ramadã, os muçulmanos adotam a abstinência sexual e não comem nem bebem do amanhecer ao pôr-do-sol.

Nova chance
Para especialistas em estratégia militar, essa redução na intensidade dos ataques pode representar também uma segunda oportunidade oferecida pelo presidente dos EUA, George W. Bush, para que o Taleban entregue o terrorista Osama bin Laden, responsabilizado pelo atentado que destruiu o World Trade Center em 11 de setembro.
"Há duas razões para essa pausa anunciada: falta de alvos e dar tempo para que o próprio Afeganistão entregue Bin Laden", disse Christopher Hellman, especialista do Centro para Informação de Defesa. "Creio que os líderes do Taleban não estão convencidos, mas, se não entregarem Bin Laden agora, o quadro ficará mais grave", opinou Hellman, cujo grupo de estudos independentes tem base em Washington.
Ontem, o Uzbequistão, país que faz fronteira com o Afeganistão, anunciou um acordo com os EUA para permitir o uso de uma de suas bases e seu espaço aéreo pelas forças norte-americanas.
Pelo acordo, a base será usada, em princípio, apenas para ajuda humanitária, mas "consultas de emergência entre os dois países serão realizadas para discutir novas condições se a segurança e a integridade territorial do Uzbequistão forem ameaçadas".

Taleban retoma cidade
Durante o dia de ontem, as forças do Taleban recuperaram controle sobre o distrito de Qadis, segundo a agência islâmica afegã "AIP". A área, localizada no oeste do país, na Província de Badghis, estava sob controle da Aliança do Norte. A agência afegã informou ainda que a recaptura da região ocorreu após a morte de 50 rebeldes da Aliança do Norte e a captura de outras 30 pessoas.
Ainda segundo a AIP, cerca de 500 soldados do Taleban lançaram uma ofensiva contra tropas de oposição no passo de Darra-e-Shaheedan.
O Taleban teria tomado controle sobre parte do passo, avançando em direção à cidade de Yakolang, atualmente sob controle da Aliança do Norte, mas cujo comando mudou de mãos várias vezes durante os conflitos entre os dois grupos nos últimos anos.
Se confirmada, a reconquista de Qadis, região perdida para a oposição há alguns dias, representa a primeira vitória do Taleban em um confronto desde o início das operações de guerra. Segundo a milícia, mais de 300 civis morreram desde o último domingo.


Com agências internacionais



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