São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2001

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Veteranos do ar fazem seu 1º vôo de combate

ANDREW BUNCOMBE
DO ""INDEPENDENT"

Ele voa há 22 anos, mas, para o piloto Chuck Wright, a missão de segunda-feira contra alvos no Afeganistão foi seu primeiro combate. Ela confirmou suas expectativas e ainda chegou a excedê-las.
""Foi muito profissional, foi muito do tipo "vamos fazer exatamente o que fomos instruídos a fazer"", disse. ""Mas acrescente a isso a excitação, o medo, o grande temor do desconhecido em relação ao primeiro combate", declarou Chuck Wright.
""E, pela primeira vez, você olha para baixo e vê o triplo-A (jargão para fogo antiaéreo) subindo em sua direção, e o coração dispara. Mas você compreende que as balas não têm seu endereço e que tudo vai sair bem", testemunhou o piloto.
Há quem possa entender que a atitude agressiva exibida pelos pilotos envolvidos nos ataques contra o Afeganistão vêm direto dos filmes de Hollywood. E para muitos deles: apenas 15 dos 110 pilotos a bordo do porta-aviões Carl Vinson têm experiência de combate.
Para eles, o que estão vendo é mesmo algo que só tinham assistido nas telas do cinema.
O capitão Wright, 44, disse que parte da sua missão sobre Candahar, a cidade no sul do Afeganistão que abriga o quartel-general dos líderes da milícia Taleban, era destruir dois antiquados caças MiG-21 estacionados no final da pista de pouso do aeroporto da cidade.
""Havia um caça no final da pista, e lançamos uma bomba guiada a laser contra ele; vimos uma bola de fogo como aquelas que se vê nos filmes ou sobre as quais se lê", contou o piloto, que opera um F-14 da Marinha norte-americana.
""Foi espantoso. Sabemos que não será preciso voltar atrás daquele avião, porque foi destruído. Isso fez com que eu me sentisse muito bem", afirmou.
Em entrevista à agência de notícias ""Reuters", o capitão Wright e outros tripulantes do porta-aviões disseram ter encontrado resistência surpreendentemente pequena do solo.
O almirante Tom Zelibor, que comanda a frota em torno do porta-aviões, disse que ""talvez sempre presumamos o pior. Eu classificaria a resistência como relativamente leve."
Algumas das missões que estão sendo executadas duram até sete horas e exigem diversos reabastecimentos em vôo. Parte dos pilotos tenta relaxar comendo sanduíches, salgadinhos ou doces durante as investidas sobre o território afegão.

Jujubas aéreas
Ken, um piloto de um F-18 Hornet natural de Washington, disse que estava comendo jujubas quanto as baterias antiaéreas começaram a disparar contra ele.
""Eu estava comendo Twizzlers e os canhões de 57 milímetros começaram a disparar", disse o piloto, que preferiu não mencionar seu sobrenome.
""Eu já tinha sofrido uns tiros de chumbinho quando ao caçar faisões, no passado, mas isso não se compara a ser alvo de fogo antiaéreo. É algo surreal."


Tradução Paulo Migliaccio



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