São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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QUEM É QUEM

Os ideólogos do neoconservadorismo

DO "LE MONDE"

Leia a seguir quem são os principais nomes da corrente neoconservadora americana.

GARY BAUER
Presidente do American Values (valores americanos), grupo do qual fazem parte diversas igrejas protestantes, foi um dos assessores de Ronald Reagan nos anos 80. Batista de 56 anos, Bauer assumiu a direção de um dos mais poderosos lobbies americanos, a Campaign for Working Families (campanha para as famílias trabalhadoras), que defende medidas legislativas de assistência às famílias e que fornece apoio financeiro a candidatos conservadores nas campanhas eleitorais.
Presidiu o Family Research Council (conselho de pesquisas familiares), instituto de Washington especializado em políticas sociais e educação. Foi pré-candidato presidencial republicano durante alguns meses em 2000. Gary Bauer faz campanha contra o aborto e em favor da defesa do casamento diante das ""tentativas de redefinição" que, para ele, põem essa instituição em risco.

IRVING KRISTOL
Ainda ativo aos 82 anos, está entre os organizadores do American Enterprise Institute (instituto americano do empreendimento), um dos principais institutos neoconservadores de Washington, e costuma ser visto como o ""padrinho" do neoconservadorismo. ""Existe um gene "neo'?", pergunta-se no início de um texto intitulado ""Uma memória autobiográfica", explicando que sempre foi acompanhado por esse prefixo, durante sua vida política: neomarxista, neotrotskista, neo-socialista, neoliberal e, finalmente, neoconservador. Pai do jornalista William Kristol, diretor de Redação do semanário ""The Weekly Standard", Irving Kristol foi um dos primeiros intelectuais de esquerda a romper com os dogmas ditos progressistas no final dos anos 60. Professor da Universidade de Nova York, se interessa especialmente por questões ligadas à educação e à política social.

RICHARD PERLE
Presidente do Defense Policy Board, organismo consultivo do Departamento da Defesa, Richard Perle, 61, foi descrito por Robert Novak -jornalista que, não obstante, trata os neoconservadores com cuidado- como ""herói da Guerra Fria". Subsecretário da Defesa entre 1981 e 1987, encarregado da política de segurança internacional, foi um dos principais inspiradores da política de Reagan com relação à URSS.
Ele estreou entre os colaboradores de uma grande figura do Partido Democrata, Henry Jackson. Próximo do Likud israelense, Perle se distingue de muitos neoconservadores por seu apego à França, onde possui uma casa e passa suas férias. Ouvido pelo secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ele acha que a derrubada de Saddam Hussein pode desbloquear a situação no Oriente Médio.

LYNN CHENEY
Historiadora e ensaísta, mulher do vice-presidente Dick Cheney, Lynn Cheney, 61, é uma das personalidades menos convencionais da galáxia neoconservadora. Especialista em questões ligadas à educação, presidiu, entre 1986 e 1993, a Fundação Nacional de Ciências Humanas, organismo privado que financia pesquisas pedagógicas.
Publicou trabalhos sobre a história americana, mas também textos em tom semi-sério falando dos efeitos do ar-condicionado e dos aparelhos de fotocópias sobre a vida política em Washington.
Membro sênior do American Enterprise Institute, ela já apresentou programas especiais de rádio e televisão. O tema principal de suas pesquisas e seus artigos é hoje o ensino da história e a transmissão da memória como condição de existência de uma consciência nacional.

DAVID BROOKS
É o inventor dos ""bobos", ou burgueses boêmios -""ricos, cultos e de esquerda"- que retratou no livro "Bobos in Paradise". Ex-jornalista do ""Wall Street Journal", hoje um dos responsáveis pelo ""Weekly Standard", Brooks, de 40 e poucos anos, se formou na Universidade de Chicago. Seus pontos de vista são publicados também no ""New York Times", e ele é um dos colaboradores regulares da TV pública PBS.
Brooks gosta de exemplificar a tendência bem-humorada dos neoconservadores, mais divertido do que indignado com as contorções morais da "esquerda caviar".
Seu livro exprime, ao mesmo tempo, uma convicção amplamente compartilhada por essa corrente: as elites de esquerda não fazem nada para mudar uma ordem social que afirmam querer combater, mas da qual se beneficiam.


Tradução de Clara Allain


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