São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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Uribe diz em cúpula querer Colômbia no Banco do Sul

Presidente recebe os colegas da Venezuela e do Equador e cogita voltar à CAN

Pedido de adesão de Bogotá à instituição, recém-criada, surpreende; governantes inauguraram gasoduto entre Colômbia e Venezuela

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, surpreendeu ontem ao solicitar a adesão de seu país ao Banco do Sul, cuja criação foi formalizada na segunda-feira por outros sete países da região, entre os quais o Brasil. O pedido foi feito em cerimônia com os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Rafael Correa (Equador) para a inauguração do primeiro gasoduto internacional do norte da América do Sul.
"Nós somos combatentes das idéias, inimigos acérrimos do terrorismo e irmãos profundos da integração das nações irmãs. Não podemos estar fora do Banco do Sul", disse Uribe em discurso na localidade colombiana de Punto Ballena (norte), de onde sai o gasoduto Transguajiro em direção a Maracaibo, no oeste da Venezuela.
Uribe, no entanto, distanciou-se das críticas contra organismos financeiros internacionais, um dos principais argumentos de Chávez ao propor a criação do banco.
"Temos recebido um tratamento muito bom do Banco Mundial, do Banco Interamericano [de Desenvolvimento]. E não temos queixas do nosso último acordo com o FMI. A irmandade requer muita franqueza no discurso", disse Uribe, de direita, se dirigindo aos dois colegas de esquerda.
A Colômbia não participava nem sequer como país observador das reuniões sobre o Banco do Sul. Durante visita a Brasília em 20 de agosto, seu chanceler, Fernando Araujo, havia descartado a adesão. "Temos limitações em matéria fiscal e de reserva", justificou na época.
Na última segunda-feira, ministros da Economia de Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai anunciaram um acordo para a criação do banco, que terá sede em Caracas. Ficaram de fora Peru, Chile, Suriname e Guiana. Nas últimas reuniões, prevaleceu a proposta brasileira de que o banco seja exclusivamente sul-americano.
A nova instituição financeira pode ser lançada no dia 3 de novembro, em Caracas.
Fora da surpresa do Banco do Sul, o encontro entre os presidentes aparentemente não avançou nos dois principais temas previstos na agenda, a eventual volta da Venezuela à CAN (Comunidade Andina de Nações) e uma nova data para reunião entre Chávez e as Farc, marcada inicialmente para a última segunda-feira, mas cancelada porque Uribe não deu salvo-conduto aos representantes da guerrilha.
"Nos próximos dias vamos nos reunir com as Farc", disse Chávez após o encontro com Uribe, que em agosto autorizou o venezuelano a participar das negociações para trocar seqüestrados por guerrilheiros presos.
Chávez voltou a fazer suspense sobre uma possível volta venezuelana à CAN, da qual saiu em abril do ano passado, em meio ao processo de entrada no Mercosul -que, por sua vez, enfrenta resistências nos Congressos brasileiro e paraguaio.
"Fizemos alguns pré-acordos para uma reunião. A Venezuela apresentou um primeiro documento de sugestões para a CAN. Se houver vontade real de mudanças na CAN, estamos dispostos a voltar. E cremos que há vontade de mudanças, assim disseram os presidentes Correa e Uribe", disse Chávez.

Gás
Apesar de a Venezuela ter as maiores reservas da América do Sul, o gasoduto de cerca de 230 km inaugurado ontem servirá inicialmente para a importação de gás colombiano, que suprirá parte do déficit do país vizinho. Depois de quatro anos, o fluxo se inverteria. Chávez quer que, nos próximos anos, o gasoduto chegue até o Panamá.
Os três presidentes também assinaram um memorando de entendimento para a construção de um gasoduto transandino unindo os seus países.


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