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Uribe diz em cúpula querer Colômbia no Banco do Sul
Presidente recebe os colegas da Venezuela e do Equador e cogita voltar à CAN
Pedido de adesão de Bogotá à instituição, recém-criada, surpreende; governantes inauguraram gasoduto entre Colômbia e Venezuela
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente da Colômbia,
Álvaro Uribe, surpreendeu ontem ao solicitar a adesão de seu
país ao Banco do Sul, cuja criação foi formalizada na segunda-feira por outros sete países da
região, entre os quais o Brasil. O
pedido foi feito em cerimônia
com os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Rafael Correa (Equador) para a inauguração do primeiro gasoduto internacional do norte da América do Sul.
"Nós somos combatentes das
idéias, inimigos acérrimos do
terrorismo e irmãos profundos
da integração das nações irmãs.
Não podemos estar fora do
Banco do Sul", disse Uribe em
discurso na localidade colombiana de Punto Ballena (norte),
de onde sai o gasoduto Transguajiro em direção a Maracaibo, no oeste da Venezuela.
Uribe, no entanto, distanciou-se das críticas contra organismos financeiros internacionais, um dos principais argumentos de Chávez ao propor
a criação do banco.
"Temos recebido um tratamento muito bom do Banco
Mundial, do Banco Interamericano [de Desenvolvimento]. E
não temos queixas do nosso último acordo com o FMI. A irmandade requer muita franqueza no discurso", disse Uribe, de direita, se dirigindo aos
dois colegas de esquerda.
A Colômbia não participava
nem sequer como país observador das reuniões sobre o Banco
do Sul. Durante visita a Brasília
em 20 de agosto, seu chanceler,
Fernando Araujo, havia descartado a adesão. "Temos limitações em matéria fiscal e de reserva", justificou na época.
Na última segunda-feira, ministros da Economia de Brasil,
Venezuela, Equador, Bolívia,
Paraguai, Argentina e Uruguai
anunciaram um acordo para a
criação do banco, que terá sede
em Caracas. Ficaram de fora
Peru, Chile, Suriname e Guiana. Nas últimas reuniões, prevaleceu a proposta brasileira de
que o banco seja exclusivamente sul-americano.
A nova instituição financeira
pode ser lançada no dia 3 de novembro, em Caracas.
Fora da surpresa do Banco do
Sul, o encontro entre os presidentes aparentemente não
avançou nos dois principais temas previstos na agenda, a
eventual volta da Venezuela à
CAN (Comunidade Andina de
Nações) e uma nova data para
reunião entre Chávez e as Farc,
marcada inicialmente para a
última segunda-feira, mas cancelada porque Uribe não deu
salvo-conduto aos representantes da guerrilha.
"Nos próximos dias vamos
nos reunir com as Farc", disse
Chávez após o encontro com
Uribe, que em agosto autorizou
o venezuelano a participar das
negociações para trocar seqüestrados por guerrilheiros
presos.
Chávez voltou a fazer suspense sobre uma possível volta
venezuelana à CAN, da qual
saiu em abril do ano passado,
em meio ao processo de entrada no Mercosul -que, por sua
vez, enfrenta resistências nos
Congressos brasileiro e paraguaio.
"Fizemos alguns pré-acordos
para uma reunião. A Venezuela
apresentou um primeiro documento de sugestões para a
CAN. Se houver vontade real de
mudanças na CAN, estamos
dispostos a voltar. E cremos
que há vontade de mudanças,
assim disseram os presidentes
Correa e Uribe", disse Chávez.
Gás
Apesar de a Venezuela ter as
maiores reservas da América
do Sul, o gasoduto de cerca de
230 km inaugurado ontem servirá inicialmente para a importação de gás colombiano, que
suprirá parte do déficit do país
vizinho. Depois de quatro anos,
o fluxo se inverteria. Chávez
quer que, nos próximos anos, o
gasoduto chegue até o Panamá.
Os três presidentes também
assinaram um memorando de
entendimento para a construção de um gasoduto transandino unindo os seus países.
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