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KREMLIN ENFRAQUECIDO
Pálido, presidente russo aborta visita ao Cazaquistão e volta a Moscou; desculpa oficial é bronquite
Doente, Boris Ieltsin interrompe viagem
PHIL REEVES
do "The Independent", no Cazaquistão
Os esforços de Boris Ieltsin para
recuperar posição de liderança na
Rússia terminaram em naufrágio
na noite de ontem, quando ele interrompeu viagem ao exterior por
problemas de saúde.
Com a cara abatida e fraco, o presidente teve de deixar o Cazaquistão e voltar a Moscou. Segundo assessores, ele está com bronquite.
Mas há suspeitas de que seu estado
de saúde seja mais grave.
A viagem era uma oportunidade
para Ieltsin se apresentar como
chefe de Estado, após dois meses
desastrosos de crise na Rússia.
A doença de Ieltsin era evidente
domingo à tarde, quando ele apareceu pálido, caminhando de forma desajeitada em um dos salões
do palácio do presidente cazaque,
Nursultan Nazarbayev.
O fracasso da viagem deu mais
provas de que Ieltsin, que passa a
maior parte do tempo numa casa
de campo perto de Moscou, está
com a confiabilidade abalada.
Ele quase caiu durante cerimônia
no aeroporto de Tachkent (capital
uzbeque). Seu novo porta-voz,
Dmitri Iakuchkin, teve de trabalhar duro para minimizar os estragos da aparição do presidente. Disse que o líder estava resfriado e parecia desorientado em razão do
vôo e do efeito de antibióticos.
Assessores tentaram ligar sua
volta antecipada à crise na Iugoslávia, sob ameaça de ataque da Otan.
"Gripe" é o eufemismo utilizado
na Rússia para ocultar os problemas de Ieltsin. Apenas nos últimos
três anos, isso incluiu pelo menos
dois ataques cardíacos (que o levaram a fazer cinco pontes de safena)
e duas crises de pneumonia.
Qualquer que seja a verdade, a
doença de Ieltsin vem em péssimo
momento. Nas últimas semanas,
ele desapareceu nas sombras, deixando as questões importantes para serem solucionadas pelo governo do premiê Primakov, formado
há um mês apenas.
Mas o novo governo ainda tem
de provar que tem idéias sobre como solucionar a crise econômica.
O que menos interessava agora
eram rumores de que o presidente
estaria à beira da morte. Rumores
que, hoje, são inevitáveis.
Tradução de
Marcelo Starobinas
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