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CRISE EM KOSOVO
Aliança dá prazo de pelo menos quatro dias antes de efetuar ação militar, permitindo a continuação do diálogo
Otan autoriza ataque contra Iugoslávia
das agências internacionais
A Otan aprovou na madrugada
de hoje a ordem para que sejam
realizados ataques aéreos contra
objetivos sérvios em resposta à repressão praticada pelo presidente
iugoslavo, Slobodan Milosevic,
contra a população de maioria albanesa em Kosovo.
A operação não deve ser realizada antes de um prazo de quatro
dias, para permitir a continuação
das negociações com Milosevic.
Logo após o anúncio da autorização do ataque, o presidente Clinton anunciou que Milosevic tinha aceitado cumprir algumas exigências da ONU, como retirar as tropas sérvias de Kosovo e permitir a inspeção da região por observadores estrangeiros.
Clinton afirmou, no entanto, que o "compromisso" de Milosevic não é um "acatamento" e que a Otan deve estar preparada para empreender uma ação militar. "Os túmulos dos Bálcãs estão cheios de promessas de Milosevic".
A decisão de consolidar o ataque
ficaria a cargo do comandante da
organização, o general norte-americano Wesley Clark.
"Temos de manter essa pressão",
disse o secretário-geral da Otan, o
espanhol Javier Solana. Ele afirmou, porém, que ainda espera
uma saída diplomática.
A resolução foi tomada depois de
reunião em Bruxelas dos embaixadores dos 16 países da aliança militar ocidental com o negociador
dos EUA Richard Holbrooke. Ele
volta hoje a Belgrado para mais
uma reunião com Milosevic.
A ONU exige que Milosevic cesse
a repressão na Província de Kosovo, que pertence à Iugoslávia, mas
tem 90% da população de etnia albanesa. As tropas de Belgrado
combatem uma rebelião separatista na Província. Há evidências de
massacres de civis e destruição de
vilarejos da maioria albanesa.
Uma das possibilidades para
uma saída diplomática é o envio a
Kosovo de uma missão da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), com 2.000
observadores. A informação foi
dada pelo negociador Holbrooke.
O presidente da OSCE, Bronislav Geremek, ministro das Relações Exteriores da Polônia, afirmou que seriam "alguns milhares
de homens, civis, que iriam numa
missão de boa vontade".
O ministro da Defesa russo, Igor
Sergueiev, havia dito na tarde de
ontem em Moscou que Milosevic
decidira permitir que 1.500 observadores internacionais vigiem o
cumprimento das exigências feitas a ele pela ONU.
Sergueiev afirmou que a Rússia,
aliada tradicional dos sérvios, está
disposta a colaborar com tropas e
equipamentos para a missão.
A Rússia se opõe a um ataque
contra a Iugoslávia e defende que
a proposta de ação militar seja
submetida ao Conselho de Segurança da ONU, prometendo vetá-la. A China também é contra.
Mesmo com a possibilidade de
avanços diplomáticos, os países
da Otan intensificavam ontem a
preparação para o ataque. Itália e
Alemanha deram aprovação para
a ação da Otan. O Reino Unido fechou sua embaixada no país. Na
missão dos EUA, foi reduzido o
número de funcionários.
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