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Apuração traz vocabulário obscuro
DO ENVIADO ESPECIAL
Acompanhar a jornada da primeira recontagem manual no último fim-de-semana em West
Palm Beach serviu para ver a democracia (como querem os democratas) ou a burocracia (como
defendem os republicanos) funcionando ali, ao vivo, através dos
vidros de um aquário.
Foi onde ficaram durante nove
horas os três membros do comitê
eleitoral da cidade, mais um representante democrata, um republicano e 17 funcionários. Estes
contavam as cédulas, separavam
as que tinham mais de um ou nenhum voto e passavam ao trio.
Então, cada um examinava a cédula atentamente, passava para o
outro e os três, juntos, chegavam à
conclusão. Se para Al Gore, ia para a pilha democrata. Se para
George W. Bush, para a republicana. Se um dos dois representantes dos partidos gritasse "objeção!" (e como eles gritavam), ia
para a pilha das dúvidas.
Foi durante esta jornada que o
mundo se familiarizou com termos tão obscuros quanto "chad",
"cédula borboleta", "método luz
do sol" e "método dos cantos".
Explica-se:
-"chad" é o termo usado para
o papelzinho que cai da cédula
depois de perfurada (sim, existe
uma palavra inglesa para isso);
-"cédula borboleta" é o formato causador da polêmica, em
que cada lista de candidatos vem
de um lado ("asa") do papel;
-"método luz do sol" é o que o
comitê usou no começo para determinar a intenção do eleitor; valia se a luz passasse por um dos
buracos, mesmo se este ainda tivesse o "chad" pendurado;
-"método dos cantos" foi o
usado no final, por estar previsto
na lei; assim, se um ou dois dos
cantos do "chad" estivesse pendurado, o voto era considerado
válido; se três cantos, inválido.
Há ainda uma subvariação, o
"chad grávido". Ou seja, o "chad"
com seus quatro cantos presos à
cédula, mas está arqueado, com
uma "barriguinha", significando
que o eleitor tentou perfurá-lo.
Não conta.
(SD)
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