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HIPÓTESES
Avião teve 5 anomalias, diz especialista
Mas uma possível sexta falha, suposto defeito em turbina, pode ter sido a principal causa da queda
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinco anomalias técnicas precederam a queda do A300 da American Airlines, sem que se possa
por enquanto confirmar a hipótese acidente e descartar a menos
provável de atentado, diz Ronaldo Jenkins, 55, presidente da Comissão de Segurança de Vôo do
Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias).
A primeira anomalia foi uma
explosão a bordo, e a segunda, a
queda da turbina esquerda. Seguiram-se a fratura da asa esquerda, o fato de o Airbus ter-se inclinado para a esquerda, já sem navegabilidade, e em seguida ter
embicado na direção do solo.
Uma sexta anomalia, diz o especialista em segurança de vôo do
sindicato das empresas brasileiras
de aviação comercial, talvez tenha
precedido todas as outras. Ao tomar velocidade para decolar do
aeroporto John Fitzgerald Kennedy, em Nova York, a turbina esquerda do avião emitia uma fumaça densa e anormal, segundo
observou o comandante do aparelho que se preparava para levantar vôo em seguida.
Confirmando-se esse testemunho, o defeito na turbina, produzida pela General Electric, terá sido a causa do acidente.
A hipótese de um ato terrorista
teoricamente existe porque é possível que a turbina tenha sido sabotada enquanto o avião se encontrava no solo, diz Jenkins.
Mas ele próprio admite que a segurança dos aparelhos taxiados
(estacionados) nos aeroportos
norte-americanos é hoje bem
mais rígida.
Um possível terrorista, argumenta ainda o especialista, não
conseguiria explodir a turbina caso se encontrasse na cabine de comando. Não haveria botão a ser
acionado para produzir tal efeito.
E ainda: ele precisaria já estar
com o controle da cabine no momento da decolagem, o que é
pouco plausível. O que ele não poderia era se levantar de sua poltrona e neutralizar a tripulação nos
curtos minutos que separaram a
tomada de velocidade na pista do
acidente. Há, por fim, a hipótese
de o terrorista ter conseguido embarcar com uma bomba na bagagem, acionada em seguida por
controle remoto.
Mesmo assim, e pouco importa
a inexistência por enquanto de indícios quanto a um ato de sabotagem, a verdade é que o A300 caiu
a partir uma falha estrutural do lado esquerdo, que teve por certo
na turbina o ponto de partida.
O "The New York Times" menciona problemas técnicos ocorridos recentemente com a mesma
turbina da GE. Narra o que ocorreu em abril do ano passado, em
Newark, proximidades de Nova
York, com um DC-10 da Continental Airlines, e um incidente,
no mês de junho seguinte, com
um Boeing-767 da Varig.
A empresa, procurada ontem
pela Folha, disse que o jornal exagera e se refere possivelmente a
um superaquecimento que prejudicou uma decolagem em Cumbica. Segundo o Snea, no entanto,
a dimensão do incidente foi bem
maior. Depois de um início de incêndio, a turbina se "despalhetou" (espatifaram-se as palhetas
internas). Algumas delas atingiram a fuselagem, mas sem causar
avarias.
Segurança
Enquanto isso, embora sem conhecer detalhes técnicos sobre a
queda do A300, a Airbus Industries disse que o avião da qual é fabricante tem uma concepção que
faz dele a marca mais segura no
mercado.
Segundo Mário Sampaio, representante no Brasil do consórcio
europeu, a segurança é medida ao
se comparar o número de acidentes com o número de decolagens e
de horas de vôo.
No caso da American Airlines, o
primeiro A300-600 foi entregue
em abril de 1988. Ao todo a empresa norte-americana tem 35
desses aparelhos.
Ao final de outubro eles já totalizavam 1,2 milhão de horas em
operação. Nenhum acidente fora
registrado até ontem.
Sampaio diz também que o aparelho acidentado em Nova York
faz parte de uma geração anterior
de aperfeiçoamentos técnicos.
Nela, os comandos são construídos em quatro circuitos hidráulicos em paralelo. Caso três deles
dêem defeito, o quarto permitirá
um vôo sem sobressaltos. Há hoje
242 unidades do A300-600 voando por 27 empresas.
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