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CRISE
Aiatolá faz ameaças, mas manifestantes pró-reformas voltam às ruas pelo quarto dia para defender acadêmico condenado
Iranianos desafiam advertência e protestam
DO "THE NEW YORK TIMES"
Milhares de estudantes iranianos desafiaram advertências oficiais ontem e protestaram pelo
quarto dia consecutivo contra a
condenação à morte de um acadêmico reformista por apostasia.
Cerca de 5.000 pessoas se reuniram na Universidade de Teerã em
apoio a Hashem Aghajari, sentenciado a morrer na forca após ter
questionado o domínio clerical na
república islâmica. "A execução
de Aghajari é a execução da universidade!", gritavam os manifestantes. "Os prisioneiros políticos
devem ser libertados!"
A onda de protestos parece estar crescendo. A cada dia, mais estudantes se reúnem na capital, e
algumas manifestações já foram
feitas nas cidades de Tabriz, Isfahan, Urumiyeh e Hamedan.
O líder supremo e comandante
das Forças Armadas do Irã, aiatolá Ali Khamenei, fez uma advertência velada na segunda-feira de
que poderia usar a força se o Parlamento, o governo do presidente
reformista Mohammad Khatami
e o Judiciário não conseguirem
acertar as suas diferenças.
Usando um termo comumente
utilizado para descrever as Guardas Revolucionárias e outras milícias linha-dura. Khamenei declarou: "No dia em que os três Poderes não forem capazes de acertar
seus principais problemas, a liderança usará, se achar necessário,
as forças populares para intervir".
"Espero que isso nunca aconteça", acrescentou Khamenei.
Os protestos de ontem foram
semelhantes às marchas anteriores, nas quais os estudantes carregaram fotos de Aghajari e cantaram slogans pedindo a renúncia
de Mahmoud Hashemi Shahroudi, chefe do Judiciário do país.
Num sinal de frustração com os
frequentes obstáculos enfrentados na luta pela democratização e
pelo enfraquecimento do poder
dos religiosos conservadores, os
estudantes também pediram a renúncia do presidente Khatami, líder do movimento reformista.
Aghajari foi condenado na semana passada por uma corte fechada da cidade de Hamedan,
acusado de insultar o profeta Muhammad. O julgamento ocorreu
após ele ter convocado o público a
não seguir cegamente as determinações dos líderes religiosos.
As tensões políticas entre reformistas e conservadores cresceram
nos últimos dias com a aprovação
no Parlamento de duas leis. Elas
limitam os poderes do Judiciário e
do Conselho dos Guardiães -
principais órgãos utilizados pelo
clero para conter o ritmo das mudanças que ameaçam o seu domínio sobre assuntos de Estado.
As prisões de jornalistas e intelectuais seriam uma reação conservadora às manobras de parlamentares ligados a Khatami.
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