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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Entre os mortos estariam dois civis italianos; ataque é o pior contra um aliado dos EUA no pós-guerra

Ataque a base italiana mata ao menos 27

France Presse
Policiais iraquianos vasculham escombros da base dos "carabinieri" (policiais militares italianos) em Nassiriah, após atentado


DA REDAÇÃO

Pelo menos 27 pessoas -18 italianos, sendo dois civis, e nove iraquianos- morreram e cerca de 80 ficaram feridas na manhã de ontem em um atentado suicida contra um quartel-general italiano em Nassiriah, no sul do Iraque.
O ataque é o pior já sofrido por uma força de apoio aos EUA no país e confirma uma tendência da resistência de visar aliados americanos -sejam eles iraquianos ou estrangeiros- e organismos humanitários multinacionais.
O saldo de mortes foi divulgado pelo Ministério da Defesa da Itália e por hospitais locais. O número de militares italianos mortos -12 "carabinieri" (policiais militares) e quatro soldados- é o maior desde a Segunda Guerra.
As versões para o incidente ainda eram contraditórias na noite de ontem. A mais recorrente era a de uma porta-voz das forças da coalizão no sul do Iraque, segundo a qual um caminhão de gasolina bateu na entrada da base da polícia militar. Em seguida, um carro entrou no complexo e explodiu. Há a possibilidade de ter ocorrido o inverso: o caminhão-tanque é que teria invadido o complexo e explodido, enquanto o carro distraía os guardas.
A explosão, ocorrida por volta das 10h40 (5h40 em Brasília), destruiu a fachada e quase 70% do prédio de três andares à beira do rio Eufrates, incendiou os carros estacionados na área e estilhaçou vidraças em prédios vizinhos.
O quartel abrigava os cerca de 340 "carabinieri" que estão no país. A Itália tem hoje cerca de 2.300 militares no Iraque -o quarto maior contingente, atrás dos EUA (130 mil), do Reino Unido (8.600) e da Polônia (2.400).
Após o ataque, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, afirmou que o atentado não levaria suas tropas a deixar o país. "Nenhuma intimidação mudará nossa vontade de ajudar esse país", declarou.

Colaboradores na mira
Desde agosto, atentados usando carros ou caminhões-bomba tornaram-se comuns no Iraque ocupado, especialmente contra delegacias, bases de países aliados dos EUA ou organismos internacionais, como a ONU. Com isso, delineia-se uma estratégia de intimidação das forças de apoio aos americanos, dificultando ainda mais a operação no país e a cooptação de ajuda externa.
Embora o sul do Iraque -onde predominam os xiitas- esteja relativamente mais tranquilo do que a região noroeste do país -o bastião do regime deposto-, foi ali que ocorreram os dois incidentes mais sangrentos dos pouco mais de seis meses de pós-guerra: a explosão de uma mesquita em Najaf, que matou 83 pessoas, em agosto, e o incidente de ontem.
O ministro da Defesa italiano, Antonio Martino, atribuiu o ataque a forças leais ao ex-ditador Saddam Hussein operando com combatentes estrangeiros.
Segundo o jornal "La Repubblica", a inteligência italiana teria informações sobre a possibilidade de ataques suicidas contra o quartel em Nassiriah desde julho.

Mortes americanas
Em Washington, o presidente George W. Bush, lamentou as mortes de ontem. "Os EUA prestam profundas condolências às famílias dos soldados e policiais morto. Prezamos seu sacrifício", disse Bush, agradecendo a Berlusconi pela "firmeza na liderança".
Um soldado americano morreu em um ataque a bomba em Taji (noroeste), e outro não resistiu a um ataque sofrido na véspera, elevando para 155 as baixas do país em ações hostis no pós-guerra. Em Mossul (norte), um guarda iraquiano foi morto em um ataque a tiros a uma base dos EUA.
Na capital, as forças dos EUA atacaram e destruíram com dezenas de bombas um prédio que, segundo o Pentágono, era usado pela resistência para reuniões de planejamento e festas. Pelo menos duas pessoas morreram.

Com agências internacionais

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