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Brasil quer encontro de Chávez com Uribe
Marco Aurélio Garcia diz que país se dispõe a dar apoio logístico para monitoramento conjunto da fronteira Colômbia-Venezuela
"Se não quiserem que seja
Brasil, que seja Butão ou
Indonésia; fundamental é a
integração da região", diz
assessor do presidente Lula
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
O assessor internacional da
Presidência, Marco Aurélio
Garcia, disse ontem que o Brasil está disposto a dar apoio logístico se Colômbia e Venezuela chegarem a um acordo para o
monitoramento conjunto da
fronteira entre os dois países.
Citou a possibilidade de envio de aviões de vigilância
-"que obviamente seriam controlados por militares dos dois
países"-, a exemplo do oferecimento feito à Colômbia pelo
ministro da Defesa, Nelson Jobim, quando se discutia a normalização da situação na fronteira com o Equador.
Garcia também ressaltou que
não está sugerindo uma força
de paz internacional nem que a
participação brasileira seria
imprescindível. "Se não quiserem que seja Brasil, que seja
Butão, Croácia ou Indonésia.
Como para nós o fundamental
é a integração da região, subordinamos qualquer decisão a algo que diminua a tensão."
O assessor do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva participou no Rio da sexta edição da
Conferência do Forte de Copacabana, debate entre especialistas brasileiros e europeus sobre segurança internacional.
Ele deixou claro que, além da
sugestão feita por ele próprio,
na semana passada, de que Colômbia e Venezuela criem a comissão de monitoramento, o
Brasil não avançou na mediação da crise bilateral que se
avoluma desde o anúncio do
acordo para o uso pelos EUA de
sete bases colombianas.
Ele reiterou que Lula pretende promover um encontro bilateral entre os presidentes Hugo
Chávez e Álvaro Uribe, inicialmente previsto para a reunião
em Manaus de presidentes da
região amazônica, convocada
pelo Brasil para discutir uma
posição comum na Convenção
do Clima, em Copenhague.
Mas o encontro, que ocorreria no dia 26 deste mês, deve ser
adiado por problemas de agendas dos presidentes. Garcia sugeriu, então, que a conversa poderia ocorrer durante a Cúpula
Ibero-Americana, em 1º de dezembro, em Estoril (Portugal).
Durante sua palestra, García
evitou criticar o acordo entre
Colômbia e EUA. Em resposta
a uma pergunta do cônsul venezuelano no Rio, Edgar González Marín, sobre qual seria a
reação a um ataque colombiano a seu país, disse não querer
se pronunciar sobre hipóteses.
Antes, ao falar dos desafios
de segurança na região, Garcia
mencionou os conflitos fronteiriços antigos e os "novos
conflitos, produtos de tensões
mais recentes e que tem como
epicentro, no sentido estritamente geográfico, a Colômbia".
Em entrevista, quis esclarecer: "Não quero que amanhã ao
depois digam que eu disse que a
Colômbia é um problema. Não
é problema porque Uribe decidiu que seja, é problema antes
do Uribe, e espero que não seja
depois. A Colômbia tem hoje
problema que não é de fronteira, é interno, um problema que
se estendeu e assumiu dimensão maior, dada a vinculação da
guerrilha com narcotráfico. [O
ex-presidente Andrés] Pastrana tentou solução negociada,
que fracassou por culpa da
guerrilha. Isso levou a sociedade colombiana a optar por solução militar".
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