São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil quer encontro de Chávez com Uribe

Marco Aurélio Garcia diz que país se dispõe a dar apoio logístico para monitoramento conjunto da fronteira Colômbia-Venezuela

"Se não quiserem que seja Brasil, que seja Butão ou Indonésia; fundamental é a integração da região", diz assessor do presidente Lula


CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que o Brasil está disposto a dar apoio logístico se Colômbia e Venezuela chegarem a um acordo para o monitoramento conjunto da fronteira entre os dois países.
Citou a possibilidade de envio de aviões de vigilância -"que obviamente seriam controlados por militares dos dois países"-, a exemplo do oferecimento feito à Colômbia pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, quando se discutia a normalização da situação na fronteira com o Equador.
Garcia também ressaltou que não está sugerindo uma força de paz internacional nem que a participação brasileira seria imprescindível. "Se não quiserem que seja Brasil, que seja Butão, Croácia ou Indonésia. Como para nós o fundamental é a integração da região, subordinamos qualquer decisão a algo que diminua a tensão."
O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou no Rio da sexta edição da Conferência do Forte de Copacabana, debate entre especialistas brasileiros e europeus sobre segurança internacional.
Ele deixou claro que, além da sugestão feita por ele próprio, na semana passada, de que Colômbia e Venezuela criem a comissão de monitoramento, o Brasil não avançou na mediação da crise bilateral que se avoluma desde o anúncio do acordo para o uso pelos EUA de sete bases colombianas.
Ele reiterou que Lula pretende promover um encontro bilateral entre os presidentes Hugo Chávez e Álvaro Uribe, inicialmente previsto para a reunião em Manaus de presidentes da região amazônica, convocada pelo Brasil para discutir uma posição comum na Convenção do Clima, em Copenhague.
Mas o encontro, que ocorreria no dia 26 deste mês, deve ser adiado por problemas de agendas dos presidentes. Garcia sugeriu, então, que a conversa poderia ocorrer durante a Cúpula Ibero-Americana, em 1º de dezembro, em Estoril (Portugal).
Durante sua palestra, García evitou criticar o acordo entre Colômbia e EUA. Em resposta a uma pergunta do cônsul venezuelano no Rio, Edgar González Marín, sobre qual seria a reação a um ataque colombiano a seu país, disse não querer se pronunciar sobre hipóteses.
Antes, ao falar dos desafios de segurança na região, Garcia mencionou os conflitos fronteiriços antigos e os "novos conflitos, produtos de tensões mais recentes e que tem como epicentro, no sentido estritamente geográfico, a Colômbia".
Em entrevista, quis esclarecer: "Não quero que amanhã ao depois digam que eu disse que a Colômbia é um problema. Não é problema porque Uribe decidiu que seja, é problema antes do Uribe, e espero que não seja depois. A Colômbia tem hoje problema que não é de fronteira, é interno, um problema que se estendeu e assumiu dimensão maior, dada a vinculação da guerrilha com narcotráfico. [O ex-presidente Andrés] Pastrana tentou solução negociada, que fracassou por culpa da guerrilha. Isso levou a sociedade colombiana a optar por solução militar".


Texto Anterior: Estudantes brasileiros no Reino Unido constituem fatia pequena
Próximo Texto: "Responsabilizar apenas a Colômbia não basta"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.