São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997.




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PARAGUAI
Candidato cumprirá prisão
Oviedo se rende após ato político

OTÁVIO DIAS
da Reportagem Local

O general da reserva e candidato a presidente Lino Oviedo, 54, ex-chefe do Exército paraguaio, se entregou ontem a uma unidade militar em Assunção para cumprir a ordem de prisão disciplinar de 30 dias, determinada pelo presidente do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy, em 3 de outubro.
Ao se apresentar à Primeira Divisão de Infantaria do Exército, por volta das 10h30 (11h30 em Brasília), ele começou a fazer um discurso para cerca de mil partidários presentes. Sem citar nomes, Oviedo qualificou seus adversários de "gângsteres, corruptos, demagogos e traidores da pátria".
Impedido de continuar, Oviedo foi preso, e a polícia dispersou a manifestação com gás lacrimogêneo, esguichos de água, balas de borracha e golpes de cassetete.
"O confronto foi armado para justificar a transferência de meu marido para um local distante de Assunção", afirmou sua mulher, Raquel Oviedo, à Folha.
Embora não haja confirmação, correram boatos de que ele seria transferido para um forte militar a 780 km da capital, na região do Chaco, próxima à Bolívia.
Seus advogados pediram à Justiça proteção especial para Oviedo. O general quer estar sempre ao lado de um assessor ou familiar e pediu permissão para que sua alimentação seja trazida de casa.
Ontem, Edward Bogado, um dos principais assessores do presidente Wasmosy, admitiu a hipótese de Oviedo ser transferido e de a prisão ser prorrogada. "O lugar e a quantidade de dias estão a critério do presidente", afirmou Bogado.
Oviedo decidiu se entregar após a Corte Suprema de Justiça anular, anteontem, um habeas corpus contra a ordem de prisão. Ele estava foragido havia 44 dias.
A ordem de prisão foi decretada pelo presidente Wasmosy, na sua condição de comandante-chefe das Forças Armadas, após Oviedo acusá-lo de corrupto e covarde.
O general recusou-se a cumprir a ordem, alegando que, por estar na reserva, não precisaria se submeter ao comando de Wasmosy.
As desavenças entre Wasmosy e Oviedo começaram em abril de 1996, quando o general, então chefe do Exército, tentou dar um golpe de Estado. A tentativa não deu certo, e Oviedo passou à reserva.
Ele decidiu, então, intensificar sua candidatura à Presidência do Paraguai e, em setembro último, derrotou o candidato do presidente Wasmosy nas prévias do Partido Colorado. As eleições ocorrerão em 10 de maio de 98.
"Oviedo está sendo vítima de uma perseguição política", afirma Raquel Oviedo. Ela esteve com o marido na hora do almoço: "Ele está numa sala de 24 m2, mobiliada com um sofá, uma cama, um armário, uma mesa com cadeiras e um aparelho de ar condicionado."
Segundo Raquel Oviedo, o general pode receber familiares, mas está proibido de falar ao telefone e de dar entrevistas.


Com agências internacionais



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