DA REPORTAGEM LOCAL

O governo brasileiro permitirá ao Paraguai auditar a dívida da usina binacional de Itaipu, estimada em US$ 19,6 bilhões. A análise será feita apenas por instituições paraguaias e às expensas do país vizinho, diz a administração brasileira da hidrelétrica.
A decisão foi tomada anteontem, durante reunião em Foz do Iguaçu (PR) dos grupos de trabalho bilaterais que discutem as demandas paraguaias sobre Itaipu. Considerada de menor transcendência pela delegação brasileira, a auditoria foi comemorada com cautela pelo governo Fernando Lugo, que afirma haver irregularidades no débito.
A proposta inicial do país vizinho era uma auditoria conjunta, mas o Brasil não aceitou, argumentando que não há motivos para a análise. O chefe dos negociadores paraguaios, engenheiro Ricardo Canese, teme que, feita unilateralmente, o resultado seja ignorado pelo Brasil.
"Que se faça de uma forma conjunta para que depois a nossa conclusão não seja objetada", disse Canese ao jornal paraguaio "Ultima Hora". Ele afirmou que pedirá a Lugo que trate do tema com o colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião bilateral na semana que vem em Salvador.
A decisão chega num momento em que a delegação brasileira avalia que não há pauta técnica a discutir e que tudo dependerá de decisões políticas dos presidentes.
Atualmente, as auditorias em Itaipu são feitas por empresas privadas, e não por controladorias dos governos -a hidrelétrica, que não é uma estatal típica, é regida por seu tratado e por normas do Direito Internacional. (FLÁVIA MARREIRO)


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