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Americanos encontram resistências na ONU
JULIA PRESTON
DO "THE NEW YORK TIMES"
Ao mesmo tempo em que os
EUA tentam apressar a discussão
da questão do Iraque na ONU,
outros membros do Conselho de
Segurança (CS) querem mais
tempo para debater a questão.
Interpretações divergentes do
cronograma e dos procedimentos
detalhados na resolução 1441 vinham fervilhando desde sua adoção unânime, em 8 de novembro,
que levou ao início da nova rodada de inspeções de armas no Iraque. Agora essas divergências vieram à tona: os EUA deixaram claro que querem julgar os resultados das inspeções num prazo
muito menor do que o pedido pelos outros membros do CS, composto por 15 países, cinco deles
permanentes e com direito a veto
-EUA, Reino Unido, China,
Rússia e França.
A discussão gira em torno da
importância de um relatório amplo que os chefes dos inspetores
de armas, Hans Blix e Mohamed
El Baradei, vão entregar ao CS em
27 de janeiro, conforme o previsto
na resolução. Membros da administração Bush disseram que esse
pode ser um momento definidor.
Eles estão dizendo que é possível
interpretar a resolução como exigindo que, até 27 de janeiro, o Iraque mostre que está cooperando
plenamente com as inspeções.
Outros membros do CS prevêem um prazo consideravelmente maior. Diplomatas de
França e Rússia afirmam que a resolução não contém nenhum prazo final para que Bagdá coopere.
Muitos membros querem dar
mais tempo para a diplomacia no
Iraque porque a opinião pública
em seus países está ficando mais
cética em relação à necessidade
real de guerra. Os sinais onipresentes de preparativos militares
acelerados dos EUA estão formando o contexto da discussão.
Vários diplomatas do CS queixaram-se de que a escolha do momento em que será tomada uma
decisão tão cheia de consequências quanto a autorização da guerra não deve ser feita unicamente
com base no perigo que o calor
abrasador do verão iraquiano representa para as tropas americanas, fator que é importante nos
cálculos do Pentágono.
Depois que Blix e El Baradei fizeram um relato ao CS, na quinta,
sobre as primeiras seis semanas
de trabalho dos inspetores de armas, autoridades americanas
apontaram para as críticas formuladas pelos inspetores à declaração de armas do Iraque como
provas de que Bagdá teria violado
gravemente a resolução 1441. A
resolução diz que qualquer omissão ou afirmação falsa na declaração de armas constituirá uma desobediência grave da resolução.
Mas o Reino Unido, o mais fiel
aliado dos EUA, mudou surpreendentemente de posição,
afirmando que, enquanto os inspetores estiverem no Iraque, há
poucas chances de que Bagdá
possa construir armas secretas.
O presidente francês, Jacques
Chirac, um dos principais autores
da resolução 1441, voltou a repetir
seu refrão de que o CS só poderá
autorizar a guerra "quando todas
as outras opções tiverem sido esgotadas". Ele disse que a França
vai resistir a qualquer tentativa
dos EUA de liderar a guerra por
conta própria. Pesquisa no diário
francês "Le Figaro" mostrou que
77% dos entrevistados se opõem à
possibilidade de guerra.
Já a Rússia disse que não prevê
data para o fim das inspeções.
O problema principal para a administração Bush é que a maioria
no CS ainda não está convencida
de que Saddam esteja escondendo armas que representam ameaça iminente. Na semana passada
os inspetores disseram não ter encontrado nada desse tipo, e os
EUA não revelaram nenhuma
evidência espetacular a eles.
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