São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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IGREJA

'Guerra é derrota para a humanidade', afirma ele

Guerra deve ser a "última opção", diz o papa sobre a crise iraquiana

DA REDAÇÃO

O papa João Paulo 2º fez ontem suas mais intensas críticas contra um possível ataque ao Iraque, dizendo que a força militar só pode ser usada como "realmente a última opção" e sob certas condições.
"Nem sempre a guerra é inevitável. Ela é sempre uma derrota para a humanidade", disse o papa a diplomatas baseados no Vaticano em seu discurso anual sobre temas que preocupam a Igreja Católica.
João Paulo 2º, 81, exortou os líderes políticos a intensificar os esforços diplomáticos para evitar uma guerra, a qual, segundo ele, só prejudicaria a população do Iraque, que enfrenta um embargo desde 1990, ano em que o país invadiu o Kuait.
"A guerra nunca é apenas mais um meio que se pode escolher para resolver diferenças entre países", afirmou o papa.
"Como a própria ONU e o direito internacional nos lembram, não se pode decidir uma guerra, mesmo quando se trata de uma questão de garantir o bem comum, a não ser como realmente a última opção e sob condições muito estritas, sem ignorar as consequências para a população civil tanto durante quanto após as operações militares."
Foi a primeira vez, desde o início do impasse atual, que João Paulo 2º mencionou o Iraque publicamente.

Sem justificativa moral
Anteriormente, o líder católico se referia de forma geral às ameaças da guerra. Outras autoridades do Vaticano, porém, haviam sido mais explícitas, afirmando, em entrevistas, que uma "guerra preventiva" contra Bagdá não tinha justificativa moral ou legal e que apenas provocaria hostilidades entre cristãos e muçulmanos. Em 1991, João Paulo 2º se opôs à Guerra do Golfo.
Em seu discurso, o papa também falou sobre as relações com a Igreja Ortodoxa e o que ele descreveu como riscos para a dignidade da vida humana: aborto, eutanásia e clonagem. Os três, segundo ele, "ameaçam reduzir o ser humano a um mero objeto".
Outros temas mencionados pelo papa incluíram o conflito entre israelenses e palestinos, a situação na Argentina e na Venezuela e "a escandalosa desigualdade" entre ricos e pobres.


Com agências internacionais


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