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VENEZUELA
Opositores pedem aos EUA que excluam o país de eventual "grupo de países amigos"; Itamaraty diz que decisão cabe à OEA
Oposição quer Brasil fora de negociação
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Dois líderes da oposição ao presidente Hugo Chávez pediram
ontem aos EUA para excluírem o
Brasil de qualquer grupo de países organizado pelo governo americano para ajudar a romper o impasse político na Venezuela.
Os EUA disseram que ainda é
cedo para definir os participantes
desse grupo, numa indicação clara de que o Brasil não faz necessariamente parte da estratégia americana para solucionar a crise.
Em resposta, o Itamaraty informou que cabe ao secretário-geral
da OEA (Organização dos Estados Americanos),César Gaviria,
escolher os países que devem integrar o grupo de apoio e não a
um dos lados das disputa pelo poder na Venezuela. Para o Itamaraty, as declarações dos opositores "é uma surpresa".
Estão em Washington Carlos
Ortega, presidente da CTV (Confederação dos Trabalhadores da
Venezuela), e o deputado Timoteo Zambrano, um dos líderes da
Coordenação Democrática, união
de grupos de oposição a Chávez.
Em entrevista à imprensa antes
de um encontro com funcionários do Departamento de Estado,
Zambrano e Ortega disseram que
o Brasil e a Colômbia devem ser
excluídos do grupo porque fazem
fronteira com a Venezuela e, portanto, teriam "interesses geopolíticos que poderiam complicar as
decisões que precisam ser feitas."
Indagado sobre o assunto, o
porta-voz do Departamento de
Estado, Richard Boucher, disse
que os EUA "ainda não tentaram
definir os países que fariam parte
desse grupo de amigos da Venezuela em apoio a Gaviria".
A resposta vaga de Boucher indica que a relação entre os governos brasileiro e americano não
anda tão próspera quanto sugerem alguns diplomatas de ambos
os países.
Porém o porta-voz da Presidência do Brasil, André Singer, negou
a existência de qualquer disputa
entre o Brasil e os EUA.
A idéia da formação de um grupo de amigos da Venezuela foi
inicialmente solicitada em dezembro passado por Chávez ao
enviado do presidente Lula a Caracas, Marco Aurélio Garcia.
Na sexta-feira, os EUA se apropriaram da idéia ao decidirem intervir nas negociações para solucionar a crise política na Venezuela. Anunciaram, como se fosse
dos EUA, a idéia de se formar um
"grupo de amigos da Venezuela".
Volta ao trabalho
Líderes da oposição disseram
ontem estar considerando pedir a
médicos, professores e pequenos
comerciantes que retornem ao
trabalho. Eles dizem estar preocupados com as consequências para
a população da greve geral iniciada no dia 2 de dezembro.
Dois líderes da Coordenação
Democrática admitiram que a paralisação pode estar prejudicando
os setores de saúde, educação e
alimentação. Muitas escolas não
reabriram na semana passada, como programado, enquanto funcionários de hospitais que apóiam
a greve estão atendendo somente
a emergências.
Segundo Enrique Naime, dirigente do grupo opositor, os líderes da paralisação, convocada para pressionar Chávez a aceitar um
referendo sobre seu mandato, estão discutindo a possibilidade de
pedir aos pequenos comerciantes
que voltem a trabalhar, porque
muitos deles não podem mais
sustentar as perdas com a greve.
William Davila, outro líder da
Coordenação Democrática, disse
que a indústria alimentícia poderia voltar a funcionar.
Na semana passada, Chávez havia ameaçado tomar as fábricas de
alimentos com militares para garantir o abastecimento.
Ao menos duas pessoas ficaram
feridas ontem durante um confronto entre simpatizantes de
Chávez e membros do partido
opositor Copei (social-cristão),
que comemorava seu 57º aniversário no centro de Caracas. .
Colaborou Sucursal Brasília e agências internacionais
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