São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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ÁSIA

Casa Branca fala em diálogo, mas rejeita "chantagem"

EUA oferecem ajuda energética para Coréia do Norte encerrar impasse

DA REDAÇÃO

O subsecretário de Estado americano James Kelly, enviado à Ásia, disse ontem em Seul (Coréia do Sul) que a Coréia do Norte pode receber ajuda dos EUA e de outros países no setor de energia se puser fim ao impasse em torno do desenvolvimento de armas nucleares.
O governo americano havia dito que não recompensaria a Coréia do Norte por ela ter deixado o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e que negociações em torno de assistência e relações melhores só aconteceriam após o fim do programa nuclear.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, confirmou o desejo dos EUA de dialogar, "não de negociar", e acrescentou: "A Coréia do Norte quer que o mundo siga sua cartilha chantagista, mas nós não seguiremos".
Fleischer disse ainda que pode haver "conversas técnicas" entre americanos e norte-coreanos, mas indicou certo ceticismo de Washington: "Enquanto a bola esteve na quadra norte-coreana, o país só andou em círculos. Vamos ver o que eles irão fazer".

"Marionete dos EUA"
Já o embaixador norte-coreano em Moscou, Pak Ui-chun, afirmou que seu país poderá retornar ao TNP sob certas circunstâncias. "Em primeiro lugar, a Agência Internacional de Energia Atômica deve parar de se comportar como uma empregada doméstica e uma marionete dos EUA", disse Pak, em declarações traduzidas pela TV estatal russa Rossiya.
Pak afirmou ainda que a adoção de novas sanções ao país serão entendidas como "declaração de guerra".
Segundo Koh Yu-hwan, professor de estudos relacionados à Coréia do Norte na Universidade Dongguk, em Seul, o governo dos EUA parecia dividido em relação a como lidar com Pyongyang.
"Parece que os falcões e os pombos ainda não afinaram sua estratégia", disse Koh. "Mas os comentários de Kelly não são realmente novos, pois eles ainda estabelecem a condição de que a Coréia do Norte deve desistir de seu programa nuclear", analisou.

Ameaças reiteradas
A Coréia do Norte reiterou ontem que poderá reagir militarmente ao que disse considerar um plano dos EUA para atacá-la com armas nucleares.
"Como os EUA têm a intenção de provocar um desastre nuclear na nação coreana, a Coréia do Norte não pode permanecer passiva em relação ao que está ocorrendo", disse o jornal estatal "Rodong Sinmun". "Uma opção militar não é exclusividade dos EUA."
Anteontem, a Coréia do Norte negou ter admitido a autoridades americanas que possuía um programa secreto de armas nucleares e ameaçou lançar um "mar de fogo" sobre os EUA.
Em outubro, os Estados Unidos anunciaram que a Coréia do Norte, incluída por Bush no "eixo do mal", admitira ter um programa nuclear quando Kelly estava em Pyongyang para conversações.
Um programa do gênero viola o acordo de 1994 com os EUA, que se comprometia a fornecer energia para a Coréia do Norte caso o país suspendesse operações em suas instalações nucleares.
Washington retaliou em dezembro passado, suspendendo o envio de combustível prometido no acordo.
Os EUA acreditam que a Coréia do Norte tenha uma ou duas armas nucleares e que poderia fabricar mais em seis meses.
A Coréia do Sul anunciou ontem que deve aceitar a proposta da Coréia do Norte para a realização de reuniões em Seul na próxima semana.


Com agências internacionais


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