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ITÁLIA
Decisão da Corte Constitucional possibilita reabertura de processo de corrupção e representa importante derrota para premiê
Justiça anula imunidade de Berlusconi
DA REDAÇÃO
A Corte Constitucional da Itália
impôs ontem uma importante
derrota ao premiê do país, Silvio
Berlusconi, ao anular uma lei de
imunidade que impedia que ele
fosse julgado num processo no
qual é acusado de corrupção.
Com a decisão, o processo
-congelado em junho passado,
quando o Parlamento italiano,
controlado pela maioria de centro-direita de Berlusconi, aprovou a lei de imunidade- poderá
ser reaberto pela Justiça de Milão
(norte do país).
A Corte Constitucional (instância máxima do Poder Judiciário
no país) decidiu que a lei de imunidade, tal como foi elaborada e
aprovada, viola o princípio constitucional de que todos são iguais
perante a lei.
A controversa legislação garantia imunidade aos detentores dos
cinco cargos públicos mais importantes do país, entre eles o de
primeiro-ministro, durante o período de seus mandatos.
Na época de sua aprovação, que
ocorreu em tempo recorde nas
duas Casas do Parlamento italiano, opositores e críticos acusaram
o governo de criar a lei apenas para proteger Berlusconi.
Os políticos italianos possuíam
imunidade judicial até 1993,
quando uma série de escândalos
envolvendo a classe política levou
à sua extinção.
O premiê, que retornou ontem
ao trabalho após três semanas de
férias de final de ano, não se manifestou publicamente sobre a decisão da Corte Constitucional.
"A consequência para Berlusconi é que, na próxima semana, o
processo [em Milão] poderá recomeçar. Missão cumprida", comemorou Antonio di Pietro, ex-juiz
que se tornou famoso por sua
atuação em casos de corrupção,
em entrevista à agência Reuters.
A lei de imunidade havia dado
ao premiê -um bilionário empresário de mídia que entrou para
a política em 1994- um breve
respiro após quase uma década
em que foi alvo de uma série de
acusações e processos judiciais.
Berlusconi, que é o homem
mais rico da Itália, já enfrentou
julgamentos em oito ocasiões nos
últimos dez anos em processos de
fraude e corrupção relacionados a
seu império comercial.
Até o momento, no entanto,
não existe nenhuma sentença judicial que o condene de forma definitiva.
O processo de Milão, o mais
grave de todos, baseia-se na acusação de que ele teria corrompido
juízes para que prejudicassem um
empresário rival durante um processo de privatização na década
de 80, no qual Berlusconi tinha interesse comercial.
Os aliados de Berlusconi sustentam que o premiê é vítima de uma
caça às bruxas promovida por
membros do Ministério Público e
juízes politicamente motivados.
Para eles, a lei de imunidade aprovada em junho é semelhante às
existentes em outros países da
União Européia.
"Nosso país foi privado de uma
lei que havia tirado o veneno das
relações entre os poderes político
e judicial", disse o parlamentar
Renato Schifani, do partido Força
Itália, de Berlusconi.
Após a decisão de ontem, não
havia informação sobre a retomada do processo em Milão. Políticos próximos ao premiê disseram
que, ainda que venha a ser condenado, Berlusconi não pretende renunciar.
Berlusconi foi eleito premiê pela
primeira vez em 1994, mas seu governo durou apenas poucos meses. Em 2001, ele conquistou novamente o cargo. Seu atual mandato vai até 2006, mas as eleições
podem ocorrer antes.
Com agências internacionais
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