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EUA
Texto é baseado em depoimentos do ex-secretário do Tesouro Paul O'Neill
Sai livro polêmico sobre governo Bush
DA REDAÇÃO
O retrato que o ex-secretário do
Tesouro dos EUA Paul O'Neill faz
de George W. Bush exibe um presidente passivo e superficial cercado por ideólogos de direita e a
quem falta rigor intelectual ou
mesmo a curiosidade para analisar os efeitos de suas políticas.
O'Neill, que ocupou o posto de
janeiro de 2001 até ser despedido,
em dezembro de 2002, virou
manchete no último fim de semana ao afirmar que Bush começou
a preparar a invasão do Iraque logo após tomar posse.
Em recordações de disputas internas do gabinete e de seus encontros privados com Bush, conforme relatado ao jornalista Ron
Suskind, O'Neill fornece uma visão interna de uma administração
com uma rotina sigilosa e detalhes de um presidente com prioridades algumas vezes incomuns.
O livro "O Preço da Lealdade",
do qual O'Neill foi a fonte principal, foi lançado ontem.
Sanduíche atrasado
O'Neill diz que o tom de sua relação com Bush foi estabelecido
na primeira reunião de trabalho.
Em vez de uma discussão minuciosa, Bush estava mais interessado em saber por que os hambúrgueres que ele havia pedido estavam demorando. Ele interrompeu a conversa com O'Neill e chamou seu chefe-de-gabinete, Andrew Card.
"Você é o chefe dos funcionários. Você acha que consegue nos
trazer alguns hambúrgueres?", relata O'Neill. "Card acenou com a
cabeça. Ninguém riu. Ele apenas
saiu correndo da sala."
No primeiro encontro e em
muitos outros, Bush não fez perguntas. "Ele olhava para O'Neill
sem mudar sua expressão, não
deixando transparecer nenhuma
reação -positiva ou negativa",
escreveu Suskind.
O'Neill afirmou que, com Bush
não desejando ou sendo incapaz
de ler resumos, a política era decidida e controlada pelo vice-presidente Dick Cheney, apoiado pelos
conselheiros políticos Karl Rove e
Karen Hughes e pela assessora de
segurança, Condoleezza Rice.
Aos olhos de O'Neill, "a falta de
curiosidade ou de experiência
pertinente" fazia com que Bush
não se importasse com tradicionais posições do governo norte-americano, estando disposto a
abandoná-las sem escrúpulos.
As reuniões de gabinete tinham
um roteiro prévio, e o resultado já
era definido antes. Numa ocasião,
quando houve uma discussão sobre política tributária, Bush rapidamente ficou "confuso", segundo o relato de O'Neill.
"Se o presidente não se conectasse no primeiro ou no segundo
minuto, era uma causa perdida,"
conclui impiedosamente.
O Departamento do Tesouro
pediu anteontem uma investigação para saber se um documento
secreto foi divulgado por O'Neill
durante uma entrevista a uma rede de TV. Ontem, o ex-secretário
negou a acusação.
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