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HAITI EM RUÍNAS
Jobim promete hospitais de campanha
Ministro da Defesa viaja ao Haiti e ouve dramático relato sobre terremoto de comandantes militares brasileiros no país
Dezenas de haitianos
rumam a base brasileira em
Porto Príncipe em busca de
ajuda, mas só casos mais
graves podem ser atendidos
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
(HAITI)
Os comandantes militares
brasileiros no Haiti fizeram um
drámatico relato ao ministro da
Defesa, Nelson Jobim, que se
comprometeu incialmente a
instalar hospitais de campanha
militares. Jobim chegou ontem
às 17h50 locais ao país, acompanhado do alto comando do
Exército e da Aeronautica.
"As prioridades são médico,
água e material de engenharia",
afirmou o comandante militar
da Minustah (missão de paz da
ONU), o general brasileiro Floriano Peixoto Vieira Neto, em
reunião na principal base brasileira no país. "Temos duas
grandes frentes, a segurança,
para evitar saques e invasões, e
a ajuda humanitária, a parte logística." Segundo ele, foi o pior
desastre no país em 200 anos.
O general estava em Miami
(EUA) anteontem e foi trazido
ao país com a ajuda do Comando Sul americano. O hotel onde
morava, o Montana, o mais luxuoso do país, foi um dos prédios mais atingidos -ainda estão desaparecidos nos escombros seu assistente, seu ajudante de ordens e a secretária.
Na base, estão os corpos de 14
militares brasileiros e de Zilda
Arns, coordenadora da Pastoral
da Igreja Católica.
O local sofreu danos principalmente nas estruturas de alvenaria, danificando o melhor
alojamento. Também foram
afetados um galpão usado para
recreação, a academia de ginástica e caixas d'água.
Floriano Peixoto afirma que
uma das principais dificuldades tem sido o acesso aos locais
de desmoronamento, já que
quase todas as ruas estavam
obstruídas pelos destroços.
Jobim e a comitiva foram direto do aeroporto até a base
Charles, onde está a maior parte do contingente brasileiro. A
reportagem da Folha, que havia chegado cerca de meia hora
antes por meio de um voo fretado desde a República Dominicana, acompanhou o trajeto.
Destruição
Pelo caminho, apesar da escuridão, era possível ver a destruição dos prédios, principalmente os que tinham mais de
um piso. Também havia alguns
corpos cobertos no caminho.
No aeroporto, os voos comerciais deram lugar a aviões de
ajuda humanitária de Estados
Unidos, França, Canadá e Islândia. Algumas famílias haitianas embarcavam tanto em aeronaves de ajuda com pequenas
avionetas, aparentemente fretadas.
Na entrada da base brasileira, dezenas de haitianos feridos
se concentravam na entrada na
esperança de ter ajuda, mas
apenas os casos mais graves foram atendidos -há cerca de 70
feridos com gravidade.
A falta de capacidade hospitalar foi várias vezes apontada
como o principal problema
neste momento. Os três principais hospitais da cidade desabaram, soterrando médicos,
enfermeiros e pacientes.
A Minustah conta com um
hospital militar argentino perto do aeroporto, que já está sobrecarregado apenas com o
atendimento do pessoal da
ONU -a segurança da entrada
chegou a ser reforçada por causa das ameaças de invasão.
Os militares brasileiros também estão preocupados com a
própria segurança, já que a população sente cada vez mais a
necessidade de água e atendimento médico.
"Vamos recolher os feridos e
levar para onde? Para o hospital que já está lotado?", afirmou
o coronel Bernardes, comandante do contingente brasileiro, que falou depois do general
Floriano Peixoto.
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