São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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Santo Domingo vira última parada rumo ao caos

JANAINA LAGE
ENVIADA ESPECIAL A SANTO DOMINGO (REPÚBLICA DOMINICANA)

O terremoto que atingiu o Haiti anteontem tornou a capital da República Dominicana, Santo Domingo, uma espécie de última parada antes do caos, um gargalo aonde é difícil chegar e de onde é ainda mais complexo sair.
Logo após os primeiros relatos do desastre, as companhias aéreas americanas cancelaram todos os voos para Porto Príncipe, e o único caminho viável para chegar ao Haiti é via Santo Domingo. Os voos para a cidade seguem lotados.
Companhias aéreas e funcionários do aeroporto tentam agilizar a entrada da imprensa. Mas após passagem pela imigração, a iniciativa é inútil. No avião, jornalistas recebem água e dicas: "Poupe, você não sabe quando verá água de novo".
Ontem, somente companhias aéreas de voos fretados se arriscavam a voar até a capital do Haiti. E ninguém quer voar de noite. Funcionários de uma empresa de voos fretados afirmaram que, além da incerteza sobre as condições da torre de controle em Porto Príncipe, ninguém sabe se será possível entrar no país porque faltam funcionários no aeroporto para cuidar da burocracia.
Poucos se aventuram a ir de carro com receio da situação nas estradas. O governo dominicano reforçou a vigilância ao longo da fronteira com o Haiti, e uma delegação oficial foi a Porto Príncipe prestar ajuda.
Segundo a mesma empresa de voos fretados, a demanda explodiu, e pilotos estão sendo chamados às pressas para levar principalmente jornalistas e funcionários que prestam atendimento à população. O clima é de confusão. Ninguém sabe se será possível embarcar, se haverá mais um voo extra, se é possível confiar nas informações dadas pelas empresas ou se o pagamento realmente servirá para confirmar a viagem.
Arranjar um lugar em um voo é um processo que pode levar mais de quatro horas. Em menos de três horas, o preço de um bilhete para Porto Príncipe quase dobrou -passou de US$ 500 para US$ 900. A disputa pode ficar mais acirrada hoje, quando devem aumentar os voos para envio de ajuda.


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