São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Washington quer mudanças no traçado da barreira e mais detalhes sobre o plano de Sharon para Gaza

Missão dos EUA avalia barreira israelense e saída de Gaza

DA REDAÇÃO

Os EUA enviarão uma missão a Israel na próxima semana para discutir com o premiê Ariel Sharon alterações significativas na controversa barreira que Israel está construindo para isolar seu território da Cisjordânia (território palestino ocupado desde 1967).
O grupo também pretende obter informações sobre o anunciado plano de Sharon de retirar quase todas as colônias judaicas da faixa de Gaza para que o governo do presidente George W. Bush possa decidir se apóia a iniciativa.
Embora a medida possa trazer resultados positivos, ela significaria uma ação unilateral por parte de Israel, não prevista no plano de paz proposto pelos EUA e ainda não implementado pelas autoridades israelenses e palestinas.
No início do mês, Sharon afirmou que pretende retirar cerca de 7.500 colonos judeus que vivem em encraves fortificados na faixa de Gaza. O premiê não deu um prazo para implementar a idéia.
Lideranças palestinas elogiaram a proposta, mas desconfiam das intenções de Sharon e de sua implementação. Em Israel, foi criticada por colonos e partidos que integram o governo, de centro-direita. Já o principal partido de oposição, o Trabalhista, disse que votaria a favor da idéia.
A proposta faz parte de um plano alternativo de Sharon de adotar medidas unilaterais de separação entre israelenses e palestinos, caso o processo de paz continue paralisado. O premiê deixou claro que os palestinos receberão menos terras do que poderiam obter se houvesse um acordo de paz.
Os EUA viram com bons olhos a retirada dos assentamentos de Gaza, mas temem que uma atitude unilateral de Sharon, ainda que com efeitos imediatos positivos, mine de vez o já enfraquecido plano de paz proposto pelo país.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, os EUA buscam um acordo final negociado entre Israel e os palestinos. "Mas a remoção de assentamentos poderá reduzir o conflito entre israelenses e palestinos", disse McClellan.
A missão americana será formada por integrantes do Conselho de Segurança Nacional e por William Burns, do Departamento de Estado.
A visita também poderá resultar numa viagem de Sharon a Washington para encontros com o presidente George W. Bush no final do mês ou em março.
"Há algumas questões difíceis que precisam ser tratadas para garantir que Sharon e Bush sorrirão um para o outro quando estiverem juntos", disse uma fonte diplomática.
Outra medida unilateral que está sendo implementada por Israel é a construção de uma barreira separando o território israelense da Cisjordânia ocupada.
Israel diz que a barreira é fundamental para deter atentados em seu território, já que a maior parte dos terroristas suicidas palestinos vem da Cisjordânia.
Já os palestinos acusam Israel de construir a barreira em seu território e de tentar estabelecer uma fronteira unilateralmente. Sustentam que a barreira inviabiliza um futuro Estado palestino.
No próximo dia 23, a Corte Internacional de Justiça, órgão vinculado à ONU, em Haia, dará início a sessões nas quais analisará a legalidade da barreira.
Israel anunciou nesta semana que não enviará representantes legais para defender a posição do país no tribunal internacional por entender que o assunto precisa ser tratado diretamente por israelenses e palestinos.
Os EUA querem obter garantias de Israel de que o traçado da barreira será significativamente alterado para não anexar áreas palestinas.


Com agências internacionais

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