DA REDAÇÃO

Ela balbucia, chora ao ser acordada e arrota após cada refeição. E por isso acaba de ser banida da Arábia Saudita.
A boneca Baby Annabell, fabricada na China por uma marca ocidental, é a nova integrante de uma lista de brinquedos proibidos no país islâmico, que já contava com a Barbie e os bichos de pelúcia.
Em dezembro último, o Ministério do Interior saudita vetou a importação dos bichinhos e de bonecas que representem alguma figura sagrada, que possam ficar nuas ou que tenham símbolos não-islâmicos, como cruzes e estrelas-de-davi. A decisão tem base numa interpretação radical da lei islâmica que proíbe a representação de seres vivos ou qualquer tipo de exposição da figura feminina.
Com isso, as voluptuosas Barbies são confiscadas, e aqueles que a vendem no mercado negro são multados. Mas o veto a uma boneca bebê é novidade.
Para muitos, é mera retórica política, o contraponto de um governo ansioso por defender sua devoção ao islamismo enquanto dá alguns passos em direção à moderação -pregadores recebem ordem para baixar o tom retórico e livros religiosos passam por revisões. Além disso, extremistas passaram a ser combatidos após os atentados suicidas que mataram 52 pessoas em Riad no ano passado.
Os lojistas receberam um prazo de três meses para tirar das prateleiras os itens proibidos -inclusive a Baby Annabell, que, apesar do preço (US$ 87), é um sucesso de vendas no país.
"É importante vermos se alguns antigos preceitos islâmicos se adaptam à sociedade saudita moderna", disse o professor de comunicação Ahmed Turkistani, da Universidade Islâmica Al Imam Mohammed bin Saud.
Enquanto o prazo não termina, as bonecas vão sumindo das prateleiras -rumo aos braços das meninas sauditas.