São Paulo, Domingo, 14 de Fevereiro de 1999
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Saiba quem é Walter Cronkite

da Sucursal de Brasília

Faz 18 anos que Cronkite não comanda um telejornal diário. Mesmo assim, ele ainda aparece no topo das listas anuais de pessoas mais respeitadas dos EUA.
Isso dá uma noção da importância que esse jornalista tem no país. Entre 62 e 81, ele ancorou o programa jornalístico mais influente dos EUA, o da rede CBS.
Cronkite contou aos norte-americanos que John e Robert Kennedy foram assassinados, que Neil Armstrong pisou na Lua, que o país se atolou na Guerra do Vietnã e no escândalo de Watergate.
Embora fosse, em geral, frio, correto, seco, preciso em suas narrativas, chorou quando noticiou o assassinato de John Kennedy e se comportou como menino embasbacado quando a Águia da Apolo 11 tocou o Mar da Serenidade.
Seu maior ativo sempre foi a credibilidade. A palavra de Cronkite é expressão da verdade para quase todos os americanos.
Cronkite inaugurou o gênero de âncora solitário de telejornais já maduro, aos 44 anos. Os cabelos começando a esbranquiçar, mas o corpo e a voz de homem vigoroso, mais um olhar direto e seguro e a firme convicção ao falar, formaram uma combinação imponente.
Some-se ainda o fascínio da TV, um meio de comunicação jovem, mas não mais infantil, no esplendor de sua potencialidade tecnológica (as cores, as transmissões via satélite), e a fórmula se completa.
Nenhum jornalista teve mais poder nas mãos do que ele nos EUA. E Cronkite o usou com moderação. Quase nunca opinava. Quando o fazia, era discreto, ponderado.
Diz a lenda que, em 1968, depois de ter ouvido Cronkite criticar a participação dos EUA na Guerra do Vietnã, o presidente Johnson exclamou: ""Se eu perdi Cronkite, perdi a classe média".
Aos 82 anos, ele continua ativo. Sua autobiografia (editada no Brasil pela DBA) foi líder de vendas em 1997 nos EUA. Produz e apresenta documentários na rede pública de TV. Liderou movimento para dar tempo gratuito na TV aos candidatos à Presidência em 1996.
Cronkite ainda é capaz, como poucos, de identificar e expressar os anseios da classe média. (CELS)


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