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Divórcio é praga contemporânea, diz papa
Texto originado do sínodo de 2005 condena a separação conjugal e o segundo casamento e recomenda volta do latim
Exortação apostólica reafirma a condenação à eutanásia, ao aborto e ao casamento gay, além de propor mudanças na missa
DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O papa Bento 16 divulgou ontem o documento Sacramentum Caritatis (sacramento do
amor), que contém reflexões e
recomendações do sumo pontífice sobre o sacramento da eucaristia, o momento em que os
católicos recebem a comunhão
nas missas. O documento de
131 páginas reafirma a oposição
da igreja ao divórcio, ao aborto
e ao casamento gay e reafirma o
celibato dos padres.
Entre os valores católicos
fundamentais, para o papa, estão "o respeito pela vida humana e sua defesa da concepção à
morte natural; a família que se
constrói a partir do casamento
entre um homem e uma mulher; a liberdade de educar os filhos; e a promoção do bem comum em todas as suas formas".
Esses são valores "não-negociáveis", afirma o texto.
Assim, Bento 16 condena, por
exemplo, a prática do divórcio e
o segundo casamento, que chama de "praga do ambiente social contemporâneo". Para o
papa, "o matrimônio e a família
são instituições que devem ser
promovidas" e defendidas, pois
são fundamentais para a "convivência humana como tal".
Se os esforços para a anulação do casamento fracassam,
afirma o papa em referência
aos divorciados, e o novo casal
continua a viver junto em um
novo casamento, "a igreja encoraja esses fiéis a se engajarem
num relacionamento (..) como
amigos, irmãos, irmãs". Isso
porque Bento 16 reforça a determinação de que a eles não
será concedida a comunhão.
Também entre as recomendações do papa estão a adoção
do latim em partes da missa,
bem como do canto gregoriano.
Os futuros padres, afirma o documento, devem "compreender e celebrar a missa em latim
(...) e utilizar os textos latinos e
cantar o canto gregoriano".
No entanto, o papa reafirmou a "influência benéfica" das
mudanças no ritual da missa
que foram instituídas após o
Concílio Vaticano 2º, entre as
quais a prática da missa na língua vernácula do país em que
ela é rezada. Outro tema da
exortação é a questão do celibato clerical. Diz que o celibato
clerical é uma "riqueza inestimável" e "representa uma conformidade especial com o estilo
de vida do próprio Cristo".
O documento assinado pelo
papa Bento 16 é o segundo mais
importante de seu pontificado.
Perde apenas para a encíclica
"Deus é Amor", de 2005, que
versou sobre amor e sexo na sociedade contemporânea.
O texto de ontem é uma exortação apostólica pós-sinodal.
Na tradição da igreja, uma
exortação apostólica é um documento do papa destinado a
orientar os fiéis sobre pontos
da doutrina: condena o que foi
distorcido e pede a retomada de
aspectos esquecidos.
É pós-sinodal porque reúne
as contribuições de bispos do
mundo inteiro reunidos em assembléia, em Roma, a partir de
uma pauta definida pelo papa.
No caso do documento de ontem, ele mostra os resultados
da 11ª Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que
ocorreu entre 2 e 23 de outubro
de 2005, sobre a eucaristia.
É o segundo mais importante
do pontificado porque os anúncios de dogmas e as encíclicas
têm mais peso que exortações,
na tradição católica.
Como Bento 16 não proclamou nenhum dogma (como a
santíssima trindade ou a virgindade de Maria), vale a encíclica - que são cartas nas quais
o papa reflete e orienta os fiéis
sobre um problema atual.
Repercussão
O papa está pregando uma
"ditadura moralista baseada no
medo do sexo", afirmou Franco
Grillini, parlamentar italiano
homossexual e um dos principais ativistas do país. O casamento gay é legalizado em vários países da Europa e hoje os
italianos estão divididos.
A questão do celibato já havia
sido tratada pela Santa Sé em
2005, na publicação de uma
instrução que reafirmava a importância da prática ao mesmo
tempo que desrecomendava a
adoção nos seminários de pessoas que "praticam o homossexualismo". Não obstante o cardeal Angelo Scola afirmou que
não há na Igreja "nenhuma fobia quanto aos homossexuais".
Com agências internacionais.
NA INTERNET - Leia a íntegra
www.folha.com.br/070723
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