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JUSTIÇA
Juiz considerou que Mori Iijima se enforcou em consequência de jornada de trabalho de 80 horas semanais
Japão indeniza família de suicida
da Redação
A família de um japonês que trabalhava normalmente 80 horas
por semana e se suicidou poderá
receber indenização do governo.
Um juiz de Nagano, na região
central do país, considerou que o
suicídio foi motivado pela exaustão causada pela longa jornada de
trabalho. A informação foi dada
pela rede de TV CNN.
A decisão pode ser um precedente para milhares de outras ações judiciais no país.
Mori Iijima se enforcou na garagem de sua casa em 1985. Segundo
a decisão judicial, ele foi levado à
depressão por causa do excesso de
trabalho em uma loja.
Segundo a legislação japonesa, o
cônjuge e os filhos de um trabalhador que venha a morrer em consequência de uma lesão ou doença
relacionada ao trabalho pode receber uma pensão de cerca de US$ 17
mil anuais do governo.
O caso de Iijima é apenas o segundo no qual o governo terá de
pagar por um suicídio causado por
excesso de trabalho.
Em 1996, uma corte determinou
o pagamento de indenização para
a família de um homem que se matou quando estava fora do país.
A decisão sobre o caso de Iijima,
tomada anteontem, é considerada
mais significativa porque se refere
a uma morte ocorrida em território japonês e deve encorajar outras
pessoas que perderam parentes
em circunstâncias semelhantes a
levar os casos para a Justiça.
"Até agora, o governo vinha adotando a visão de que o suicídio é
uma decisão individual e se recusava a ajudar as famílias", disse Fumio Matsumura, advogado da família.
O advogado afirmou que o número de suicídios causados pelo
excesso de trabalho está aumentando no Japão. O fenômeno é tão
comum que existe até um termo
específico para ele: karojisatsu.
Os trabalhadores que se matam
geralmente deixam notas pedindo
desculpas por sua suposta incapacidade de realizar plenamente as
tarefas. Raramente culpam empregadores ou colegas de trabalho.
O Ministério do Trabalho do Japão está estudando o veredicto.
Ainda não se sabe se as autoridades vão recorrer da decisão.
Se a decisão final sobre o caso for
favorável à família de Iijima, sua
mulher e filhos receberão pagamentos retroativos à época de sua
morte.
"Lamento muito por meu marido", afirmou Chieko Iijima. "As
pessoas começam a trabalhar para
sobreviver, para suas famílias, para serem felizes. Por que têm de
acabar assim?"
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