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TRADIÇÃO VIOLENTA
Mulheres que cometem adultério são mortas por parentes
Cidade turca é a capital
das mortes "por honra"
JUSTIN HUGGLER
do "The Independent", em Istambul
A cidade de Sanliurfa é a capital
turca das mortes "por honra".
Com seu labirinto de ruas estreitas
e empoeiradas, vigiadas por um
castelo da época das Cruzadas, Sanliurfa herdou um legado austero
da velha Anatólia.
No sudeste da Turquia, as mulheres que desgraçam a família cometendo adultério ou mantendo
relações sexuais antes do casamento são mortas por familiares.
Sob a lei turca, essas mortes "por
honra" são consideradas crimes
cometidos sob "provocação pesada", e as sentenças são leves.
Hasan Gemici, ministro turco
para os Direitos das Mulheres, diz
que deseja acabar com isso.
As mortes "por honra" não são
crimes passionais, mas planejadas
a sangue frio, de acordo com Canan Arin, ativista que luta pelos direitos femininos.
"Se a comunidade acha que uma
menina desonrou a família, seus
parentes são condenados ao ostracismo. E eles se sentem obrigados a
matá-la. Houve cinco ou seis casos
que foram para um tribunal nos
últimos anos, mas ninguém se
apresenta como testemunha. No
ano passado, uma mulher conseguiu sobreviver a uma tentativa de
assassinato -tentaram jogá-la no
rio Eufrates. Ela mudou o nome e
passou a esconder-se."
Em outro caso, uma mulher que
não era casada foi esfaqueada até a
morte por um primo adolescente
numa rua movimentada de Sanliurfa. Apenas um comerciante se
apresentou como testemunha. O
assassino foi condenado a pouco
mais de dois anos de prisão.
"É como se essas mulheres fossem sempre "culpadas'", explica
Seyda Toreuk, também ativista pelos direitos da mulher.
"O erro de algumas é simplesmente ir ao cinema com um homem. Uma mulher foi morta porque lhe dedicaram uma canção no
rádio. A família pensou que a dedicatória viesse de um amante."
O Ministério para os Direitos da
Mulher afirma que pôr fim às mortes "por honra" é sua prioridade.
Mas, com a proximidade das
eleições, em 18 de abril, a chance de
eles conseguirem logo uma nova
lei no Parlamento é pequena.
"O problema é que a sociedade,
incluindo as mulheres, acredita
que matar para defender a honra é
justificável. A única maneira de
mudar isso é educando o povo".
Tradução de
Paulo Daniel Farah
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