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GOLPE NA VENEZUELA
Manifestações contra a deposição de Chávez em Caracas fizeram nove mortos e 45 feridos, de acordo com o prefeito da capital
Emissoras censuram cenas de protesto
DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
Após apoiarem ostensivamente
as manifestações que precipitaram a queda do presidente Hugo
Chávez, as principais emissoras
privadas de TV da Venezuela fizeram ontem um acordo para não
exibir nem mencionar os protestos a favor do presidente deposto.
Nove pessoas morreram e 45 ficaram feridas ontem em protestos contra o golpe que derrubou
Chávez, segundo o prefeito de Caracas Alfredo Peña, adversário do
presidente deposto. Seis delas teriam morrido quando um caminhão esmagou um carro pouco
depois de favelados chavistas fecharem a estrada que liga Caracas
ao aeroporto Simon Bolívar.
O acordo entre as redes de TV
foi justificado por suas direções
como uma forma de evitar a propagação da violência. No entanto,
a orientação não durou muito.
Foi revertida quando chavistas,
numa ação coordenada, tentaram
invadir e quebraram as vidraças
das sedes da Venevision, Globovision e da RCTV (Rede Caracas de
Televisão). Ao vivo, jornalistas e
funcionários dessas emissoras pediram o envio de tropas da Guarda Nacional.
Quatro emissoras foram proibidas de funcionar na quinta-feira
passada por ordem de Chávez,
entre elas as três atacadas ontem.
O presidente as acusara de incitar
o protesto e ordenara a suspensão
de suas transmissões por tempo
indeterminado. Elas voltaram ao
ar pouco tempo antes da queda de
Chávez e, desde então, fizeram
uma cobertura abertamente favorável ao governo golpista e contrária ao presidente deposto.
Um dos autores de uma tentativa de golpe de Estado em 1992,
Chávez dizia que as licenças concedidas às TVs pertencem ao Estado e que, portanto, elas não poderiam desrespeitar as leis. Há
uma emissora pública no país,
mas mesmo ela divulgou material
anti-Chávez nos dias que antecederam o golpe.
O presidente deposto teria ficado especialmente incomodado
com a decisão das emissoras de
transmitirem seu último pronunciamento oficial à nação em somente metade das telas de TV. Na
outra metade, foram colocadas
imagens das manifestação contra
o presidente e cenas dos mortos e
feridos.
Numa entrevista à CNN em espanhol, a mulher de Chávez, Marisabel Rodriguez de Chávez, acusou as redes privadas de parcialidade e de "esconderem a verdade
sobre o que ocorreu na Venezuela".
(MARCIO AITH)
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