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Junta teria desrespeitado acordo
DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
O Exército e a Guarda Nacional,
duas das quatro forças militares
venezuelanas, disseram que a junta provisória que assumiu na sexta-feira não havia respeitado a
Constituição nem um acordo feito para que o presidente deposto,
Hugo Chávez, deixasse o poder e
abrisse caminho para uma sucessão tranquila.
"Não viemos até aqui para dar
um golpe de Estado", declarou o
inspetor-geral da Guarda Nacional, Carlos Alfonso Martínez.
"Queremos manter o elo constitucional e estamos muito preocupados. O presidente Chávez aceitou renunciar em troca de que se
garantisse sua renúncia à Assembléia Geral e sua saída do país,
bem como a de sua família. Esse
acordo não foi cumprido. Estão
realizando detenções e há o uso
de violência. Estão cometendo os
mesmos erros do passado."
Sob um olhar mais atento, a sugestão de Martínez também é
preocupante sob o ponto de vista
constitucional. Ela sugere que
Chávez teve que renunciar para
garantir sua integridade, e não
por livre e espontânea vontade.
No entanto, o inspetor-geral disse
que sua intervenção tinha o intuito de garantir a legitimidade do
novo governo.
"Deveríamos manter a Constituição atual, a Constituição da República Bolivariana da Venezuela,
até que ela seja alterada por uma
emenda ou por uma constituinte
seguida de um referendo."
Foi uma referência à decisão do
governo provisório de dissolver o
Legislativo e o Judiciário por decreto e restaurar o nome oficial do
país antes da era Chávez -República da Venezuela.
A Guarda Nacional é responsável, entre outras coisas, por manter a ordem interna. Para muitos
observadores, os protestos pró-Chávez ocorridos ontem só foram
possíveis porque seus integrantes
teriam recebido ordens para não
combaterem essas manifestações.
O comandante do Exército venezuelano, Efrain Vásquez e um
batalhão de pára-quedistas no interior do país também impuseram condições para que o novo
governo fosse aceito.
Nenhum desses militares agiu
ontem em defesa do governo de
Chávez. Aliás, foram os primeiros
a se rebelar contra ele na quinta-feira. No entanto, decidiram
questionar o novo governo em
respeito a um acordo fechado
com um colega de corporação
(Chávez é tenente-coronel da aeronáutica) e em protesto contra a
forma inconstitucional pela qual
optou o novo governo.
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