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TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO
Ariel Sharon mobiliza comunidade judaica para enfrentar pressões internacionais pelo fim da operação "Muro Protetor"
Israel busca apoio para resistir a pressões
JAIME SPITZCOVSKY
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Acossado por pressões internacionais pelo fim da operação
"Muro Protetor", o primeiro-ministro Ariel Sharon recorre a ferramentas importantes para resistir à ofensiva externa: o apoio da
opinião pública israelense de comunidades judaicas da diáspora.
Sharon, longe de ser uma figura
unânime no cenário político de
Israel, conseguiu mobilizar dois
de seus principais rivais na arena
doméstica, os ex-premiês Binyamin Netanyhau e Ehud Barak, hoje empenhados em explicar as opções israelenses a platéias no exterior.
No dia 5 de abril, pesquisa realizada pelo jornal "The Jerusalem
Post" revelou que 72% dos entrevistados apoiavam a decisão do
governo israelense de deslanchar
uma operação militar em resposta à onda de atentados com homens-bomba ocorrida no final de
março. Outra pesquisa, realizada
na semana passada pelo diário
"Maariv", indicava que o apoio à
ofensiva se mantinha: 75% dos
entrevistados se disseram favoráveis à iniciativa.
"Encurralado contra o Muro
das Lamentações, Israel está se
unindo para repelir a bem azeitada onda de difamação. A Sharon
juntaram-se Barak, da esquerda, e
Bibi Netanyahu, da direita, para
explicar aos americanos que Israel e os EUA estão na mesma batalha para proteger nossas populações contra o terror", escreveu
William Safire, colunista do "New
York Times".
Se Safire historicamente se alia
às teses mais conservadoras, o
mesmo não pode ser dito sobre o
escritor Amos Oz, ícone do movimento pacifista israelense. Nas últimas semanas, Oz sintetizou uma
percepção cada vez mais consolidada na esquerda em Israel: a
guerra dos homens-bomba corresponde a um instrumento abominável, incabível na legítima reivindicação palestina de construir
seu Estado.
Yossi Alpher, ex-diretor do
Centro Jaffee de Estudos Estratégicos da Universidade de Tel
Aviv, declarou: "Quando o recente encontro de lideranças islâmicas na Malásia se recusa a definir
os atentados suicidas contra civis
como terrorismo, não há como
esconder o sol com a peneira: o
terrorismo suicida colocou o conflito israelo-palestino no espectro
de um choque de civilizações".
"Perigo"
O premiê Sharon também alinhou seus argumentos sobre a batalha que se trava no Oriente Médio: "O terrorismo dos homens-bomba representa um perigo para Israel e para todo o mundo livre. Israel é a única democracia
no mundo na qual há guardas em
cada escola e em cada jardim de
infância para proteger as crianças
do terrorismo palestino".
A percepção de que Israel enfrenta um desafio de proporções
globais também levou os ex-premiês Netanyahu e Barak a aceitarem o convite de Sharon para ajudar a espalhar a mensagem israelense.
Na última quinta-feira, além de
se reunir com congressistas norte-americanos, Netanyahu também se encontrou com duas das
principais figuras da administração Bush: o vice-presidente Dick
Cheney e Condoleezza Rice, assessora para assuntos de segurança nacional.
As comunidades judaicas da
diáspora também se mobilizam.
Houve, por exemplo, manifestações de rua em Nova York e em
Paris. Estão previstos atos de solidariedade com Israel em Washington e em São Paulo, entre outras cidades.
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