São Paulo, domingo, 14 de abril de 2002

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TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO

Ariel Sharon mobiliza comunidade judaica para enfrentar pressões internacionais pelo fim da operação "Muro Protetor"

Israel busca apoio para resistir a pressões

JAIME SPITZCOVSKY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Acossado por pressões internacionais pelo fim da operação "Muro Protetor", o primeiro-ministro Ariel Sharon recorre a ferramentas importantes para resistir à ofensiva externa: o apoio da opinião pública israelense de comunidades judaicas da diáspora. Sharon, longe de ser uma figura unânime no cenário político de Israel, conseguiu mobilizar dois de seus principais rivais na arena doméstica, os ex-premiês Binyamin Netanyhau e Ehud Barak, hoje empenhados em explicar as opções israelenses a platéias no exterior.
No dia 5 de abril, pesquisa realizada pelo jornal "The Jerusalem Post" revelou que 72% dos entrevistados apoiavam a decisão do governo israelense de deslanchar uma operação militar em resposta à onda de atentados com homens-bomba ocorrida no final de março. Outra pesquisa, realizada na semana passada pelo diário "Maariv", indicava que o apoio à ofensiva se mantinha: 75% dos entrevistados se disseram favoráveis à iniciativa.
"Encurralado contra o Muro das Lamentações, Israel está se unindo para repelir a bem azeitada onda de difamação. A Sharon juntaram-se Barak, da esquerda, e Bibi Netanyahu, da direita, para explicar aos americanos que Israel e os EUA estão na mesma batalha para proteger nossas populações contra o terror", escreveu William Safire, colunista do "New York Times".
Se Safire historicamente se alia às teses mais conservadoras, o mesmo não pode ser dito sobre o escritor Amos Oz, ícone do movimento pacifista israelense. Nas últimas semanas, Oz sintetizou uma percepção cada vez mais consolidada na esquerda em Israel: a guerra dos homens-bomba corresponde a um instrumento abominável, incabível na legítima reivindicação palestina de construir seu Estado.
Yossi Alpher, ex-diretor do Centro Jaffee de Estudos Estratégicos da Universidade de Tel Aviv, declarou: "Quando o recente encontro de lideranças islâmicas na Malásia se recusa a definir os atentados suicidas contra civis como terrorismo, não há como esconder o sol com a peneira: o terrorismo suicida colocou o conflito israelo-palestino no espectro de um choque de civilizações".

"Perigo"
O premiê Sharon também alinhou seus argumentos sobre a batalha que se trava no Oriente Médio: "O terrorismo dos homens-bomba representa um perigo para Israel e para todo o mundo livre. Israel é a única democracia no mundo na qual há guardas em cada escola e em cada jardim de infância para proteger as crianças do terrorismo palestino".
A percepção de que Israel enfrenta um desafio de proporções globais também levou os ex-premiês Netanyahu e Barak a aceitarem o convite de Sharon para ajudar a espalhar a mensagem israelense.
Na última quinta-feira, além de se reunir com congressistas norte-americanos, Netanyahu também se encontrou com duas das principais figuras da administração Bush: o vice-presidente Dick Cheney e Condoleezza Rice, assessora para assuntos de segurança nacional.
As comunidades judaicas da diáspora também se mobilizam. Houve, por exemplo, manifestações de rua em Nova York e em Paris. Estão previstos atos de solidariedade com Israel em Washington e em São Paulo, entre outras cidades.


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