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São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2003

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AMÉRICA LATINA

Argentinos prevêem fraude eleitoral

Para 64% dos ouvidos, pleito presidencial será manipulado

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

Mais de 64% da população argentina diz acreditar que é provável ou muito provável que ocorram fraudes na eleição presidencial do próximo dia 27 de abril. Dos cinco principais candidatos, quatro dizem que temem ser prejudicados pela fraude.
Os rumores de que as eleições poderiam acabar em uma briga judicial, o que atrasaria o cronograma eleitoral, obrigaram o presidente Eduardo Duhalde a entrar em cena. O presidente argentino chamou os candidatos que falam de fraude de "irresponsáveis".
Duhalde se afirmou preocupado com o impacto desses rumores no exterior. "Isso não ocorre em países normais", disse.
Ontem, Duhalde foi a uma simulação de apuração de votos feita pelo Ministério do Interior. Normalmente, o presidente só recebe explicações detalhadas do processo. Duhalde quis sinalizar que "cuidará pessoalmente da transparência das eleições".
Por enquanto, o presidente não conseguiu convencer a população. Uma pesquisa do Ibope revelou que só 7% diziam acreditar que não existe probabilidade de fraude. Pouco mais de 64% crêem que a ocorrência de fraude é provável ou muito provável.
Os principais candidatos também denunciaram a suposta falta de transparência. Ricardo López Murphy e Elisa Carrió seriam, de acordo com os analistas argentinos, os mais prejudicados. Eles concorrem com os outros peronistas -Carlos Menem, Adolfo Rodríguez Saá e Néstor Kirchner- para chegar ao segundo turno. Como pertencem a partidos pequenos, é muito provável que os dois não consigam ter fiscais em todos os locais de votação.
Carrió tem um problema adicional. A candidata não aceita doação de empresários e não tem recursos para imprimir as cédulas eleitorais. Mas ela conseguiu que a Justiça obrigasse o Estado a pagar a impressão de pelo menos duas cédulas por eleitor. A estimativa é de que cada candidato imprima dez cédulas por eleitor.
No país, os eleitores podem levar as cédulas de casa. Elas são impressas pelos próprios candidatos. No dia da votação, o eleitor põe a cédula de seu candidato num envelope e o deposita na urna. A lei exige que os fiscais garantam que haja cédulas de todos os candidatos nos locais de votação, mas as equipes de todos os candidatos admitem que, sem fiscalização, não se podem impedir o extravio e a ocultação de células.


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