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AMÉRICA LATINA
Argentinos prevêem fraude eleitoral
Para 64% dos ouvidos, pleito presidencial será manipulado
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
Mais de 64% da população argentina diz acreditar que é provável ou muito provável que ocorram fraudes na eleição presidencial do próximo dia 27 de abril.
Dos cinco principais candidatos,
quatro dizem que temem ser prejudicados pela fraude.
Os rumores de que as eleições
poderiam acabar em uma briga
judicial, o que atrasaria o cronograma eleitoral, obrigaram o presidente Eduardo Duhalde a entrar
em cena. O presidente argentino
chamou os candidatos que falam
de fraude de "irresponsáveis".
Duhalde se afirmou preocupado com o impacto desses rumores
no exterior. "Isso não ocorre em
países normais", disse.
Ontem, Duhalde foi a uma simulação de apuração de votos feita pelo Ministério do Interior.
Normalmente, o presidente só recebe explicações detalhadas do
processo. Duhalde quis sinalizar
que "cuidará pessoalmente da
transparência das eleições".
Por enquanto, o presidente não
conseguiu convencer a população. Uma pesquisa do Ibope revelou que só 7% diziam acreditar
que não existe probabilidade de
fraude. Pouco mais de 64% crêem
que a ocorrência de fraude é provável ou muito provável.
Os principais candidatos também denunciaram a suposta falta
de transparência. Ricardo López
Murphy e Elisa Carrió seriam, de
acordo com os analistas argentinos, os mais prejudicados. Eles
concorrem com os outros peronistas -Carlos Menem, Adolfo
Rodríguez Saá e Néstor Kirchner- para chegar ao segundo
turno. Como pertencem a partidos pequenos, é muito provável
que os dois não consigam ter fiscais em todos os locais de votação.
Carrió tem um problema adicional. A candidata não aceita
doação de empresários e não tem
recursos para imprimir as cédulas
eleitorais. Mas ela conseguiu que
a Justiça obrigasse o Estado a pagar a impressão de pelo menos
duas cédulas por eleitor. A estimativa é de que cada candidato
imprima dez cédulas por eleitor.
No país, os eleitores podem levar as cédulas de casa. Elas são
impressas pelos próprios candidatos. No dia da votação, o eleitor
põe a cédula de seu candidato
num envelope e o deposita na urna. A lei exige que os fiscais garantam que haja cédulas de todos os
candidatos nos locais de votação,
mas as equipes de todos os candidatos admitem que, sem fiscalização, não se podem impedir o extravio e a ocultação de células.
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