São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Com cerca de 40 estrangeiros capturados, ONU revê envio de equipe e países pedem que seus cidadãos saiam

Insurgentes afastam estrangeiros e ONU

DA REDAÇÃO

Quatro civis italianos aumentaram ontem a lista de estrangeiros seqüestrados pela insurgência no Iraque para forçar a retirada internacional, intensificando a pressão sobre governos que enviaram tropas ao país e provocando uma debandada de prestadores de serviços. A situação precária de segurança também levou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a rever o envio de funcionários da entidade ao país, que pode ser retardado e reduzido.
Annan ainda pôs em dúvida a realização de eleições diretas para um governo nacional em janeiro de 2005, como prevêem os EUA. "Para mim, é difícil dizer se a data em janeiro ainda é viável", disse.
Atendendo a um pedido dos EUA, a ONU tem uma pequena missão no Iraque desde fevereiro, após três meses de ausência subseqüentes a dois ataques à sua sede em Bagdá, para assessorar os iraquianos no processo eleitoral.
"Diante da piora da situação e da violência em campo, até essa tarefa se tornou difícil", disse Annan. "A curto prazo, a falta de segurança será um grande limitador para nós. Por isso eu não posso dizer agora se enviaremos uma grande missão da ONU." Pressionado por aliados e pela campanha eleitoral, o governo Bush vinha admitindo conceder mais poderes à ONU na transição iraquiana.

Seqüestros
Segundo a coalizão militar liderada pelos EUA, cerca de 40 estrangeiros de 12 nacionalidades foram seqüestrados no Iraque nos últimos dias, muitos dos quais já foram libertados. A administração americana no país afirmou que o FBI (polícia federal) e agências internacionais de segurança estão trabalhando nas buscas.
Ontem, a rede de TV qatariana por satélite Al Jazira exibiu imagens de quatro civis italianos capturados por um grupo pouco conhecido chamado Brigadas Mujahidin. Eles teriam sido seqüestrados em Fallujah.
A Chancelaria italiana afirmou que a empresa de segurança DTS, sediada nos EUA, relatara o desaparecimento de quatro funcionários italianos no Iraque anteontem, mas não há certeza de que se trate do mesmo caso.
Em trajes civis, os quatro apareceram cercados por homens armados encapuzados e exibiram passaportes italianos, enquanto uma fazia exigências: "O governo italiano deve nos dar garantias da retirada de suas tropas do Iraque, anunciar um cronograma e libertar os clérigos muçulmanos".
Em Roma, o premiê Silvio Berlusconi reafirmou que manterá suas tropas no país -3.000 soldados- e prometeu fazer o máximo pela libertação dos reféns. "A missão de paz italiana no Iraque não está em discussão", disse.
Os dados sobre os cativos são frágeis, e as informações, pouco precisas. Ontem, cinco ucranianos e três russos que trabalham para uma empresa de energia foram soltos -antes eles haviam sido designados como 11 russos.
Paris confirmou o seqüestro de um jornalista francês. Alexandre Jordanov, 45, desapareceu domingo em uma estrada que liga Bagdá a Karbala, quando filmava um documentário para a agência de notícias Capa TV. A França e a Rússia, contrárias à guerra, pediram que seus cidadãos deixem o país. Portugal, Romênia e Dinamarca, que têm tropas no Iraque, fizeram o mesmo apelo a seus civis. A empresa russa Tekhnoprom anunciou que retirará seus 370 funcionários.
Foram achados corpos mutilados, possivelmente de quatro dos sete civis americanos supostamente seqüestrados na última sexta. Os mortos estavam em uma cova próxima do local onde funcionários da empresa de infra-estrutura KBR foram atacados. Também seguem desaparecidos três tchecos, três japoneses e ao menos duas outras pessoas.


Com agências internacionais

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