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IRAQUE OCUPADO
Com cerca de 40 estrangeiros capturados, ONU revê envio de equipe e países pedem que seus cidadãos saiam
Insurgentes afastam estrangeiros e ONU
DA REDAÇÃO
Quatro civis italianos aumentaram ontem a lista de estrangeiros
seqüestrados pela insurgência no
Iraque para forçar a retirada internacional, intensificando a
pressão sobre governos que enviaram tropas ao país e provocando uma debandada de prestadores de serviços. A situação precária de segurança também levou o
secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, a rever o envio de funcionários da entidade ao país, que
pode ser retardado e reduzido.
Annan ainda pôs em dúvida a
realização de eleições diretas para
um governo nacional em janeiro
de 2005, como prevêem os EUA.
"Para mim, é difícil dizer se a data
em janeiro ainda é viável", disse.
Atendendo a um pedido dos
EUA, a ONU tem uma pequena
missão no Iraque desde fevereiro,
após três meses de ausência subseqüentes a dois ataques à sua sede em Bagdá, para assessorar os
iraquianos no processo eleitoral.
"Diante da piora da situação e
da violência em campo, até essa
tarefa se tornou difícil", disse Annan. "A curto prazo, a falta de segurança será um grande limitador
para nós. Por isso eu não posso dizer agora se enviaremos uma
grande missão da ONU." Pressionado por aliados e pela campanha
eleitoral, o governo Bush vinha
admitindo conceder mais poderes à ONU na transição iraquiana.
Seqüestros
Segundo a coalizão militar liderada pelos EUA, cerca de 40 estrangeiros de 12 nacionalidades
foram seqüestrados no Iraque nos
últimos dias, muitos dos quais já
foram libertados. A administração americana no país afirmou
que o FBI (polícia federal) e agências internacionais de segurança
estão trabalhando nas buscas.
Ontem, a rede de TV qatariana
por satélite Al Jazira exibiu imagens de quatro civis italianos capturados por um grupo pouco conhecido chamado Brigadas Mujahidin. Eles teriam sido seqüestrados em Fallujah.
A Chancelaria italiana afirmou
que a empresa de segurança DTS,
sediada nos EUA, relatara o desaparecimento de quatro funcionários italianos no Iraque anteontem, mas não há certeza de que se
trate do mesmo caso.
Em trajes civis, os quatro apareceram cercados por homens armados encapuzados e exibiram
passaportes italianos, enquanto
uma fazia exigências: "O governo
italiano deve nos dar garantias da
retirada de suas tropas do Iraque,
anunciar um cronograma e libertar os clérigos muçulmanos".
Em Roma, o premiê Silvio Berlusconi reafirmou que manterá
suas tropas no país -3.000 soldados- e prometeu fazer o máximo pela libertação dos reféns. "A
missão de paz italiana no Iraque
não está em discussão", disse.
Os dados sobre os cativos são
frágeis, e as informações, pouco
precisas. Ontem, cinco ucranianos e três russos que trabalham
para uma empresa de energia foram soltos -antes eles haviam sido designados como 11 russos.
Paris confirmou o seqüestro de
um jornalista francês. Alexandre
Jordanov, 45, desapareceu domingo em uma estrada que liga
Bagdá a Karbala, quando filmava
um documentário para a agência
de notícias Capa TV. A França e a
Rússia, contrárias à guerra, pediram que seus cidadãos deixem o
país. Portugal, Romênia e Dinamarca, que têm tropas no Iraque,
fizeram o mesmo apelo a seus civis. A empresa russa Tekhnoprom anunciou que retirará seus
370 funcionários.
Foram achados corpos mutilados, possivelmente de quatro dos
sete civis americanos supostamente seqüestrados na última
sexta. Os mortos estavam em uma
cova próxima do local onde funcionários da empresa de infra-estrutura KBR foram atacados.
Também seguem desaparecidos
três tchecos, três japoneses e ao
menos duas outras pessoas.
Com agências internacionais
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