São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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EUA cercam Najaf; iraquianos tentam negociar com líder xiita

DA REDAÇÃO

Cerca de 2.500 soldados americanos cercaram ontem a cidade iraquiana de Najaf, sagrada para os xiitas, em uma tentativa de conter o levante liderado pelo clérigo radical Moqtada Al Sadr, a quem tentam capturar ou matar.
Temendo que a crise no país se agrave, políticos e líderes religiosos iraquianos procuram negociar uma solução para o impasse, na tentativa de evitar que as forças dos EUA entrem na cidade, o principal santuário xiita.
"O alvo não é Najaf, é Moqtada al Sadr e sua milícia. Vamos caçá-lo e destruí-lo. Preferíamos que isso não estivesse acontecendo em Najaf, pois temos muito respeito pelos xiitas", disse o general Mark Kimmitt, vice-chefe de operações dos EUA no Iraque.
Al Sadr -cuja milícia lançou um levante no início do mês que culminou com a tomada de Najaf, Karbala e Kufa- está entrincheirado em seu gabinete em Najaf, perto do principal templo da cidade, protegido por homens armados. A área em torno do templo é extremamente sensível.
"Temos de fazer isso do jeito certo, porque, se fizermos errado, podemos irritar todo o mundo muçulmano, de Marrocos à Indonésia", disse o coronel Dana J. H. Pittard, comandante das forças que cercam a cidade.
O porta-voz do clérigo, Qays al Khazali, acusou as tropas americanas de fomentar a violência no país. "Se eles tocarem em Moqtada al Sadr, haverá uma crise", disse. "Agora, eles [a coalizão] enfrentam um levante, mas, se machucarem Al Sadr, uma revolução maciça tomará todo o Iraque. Seremos uma bomba-relógio."
O filho do aiatolá moderado Ali al Sistani, principal líder xiita iraquiano, e os representantes de dois outros importantes aiatolás se reuniram com Al Sadr na noite de anteontem e discutiram um possível recuo. Nenhum representante americano participou da negociação.
A operação dos EUA em Najaf é a maior executada no sul do país, majoritariamente xiita e normalmente pacífico, desde o fim dos principais confrontos, em maio passado. A situação no Iraque atingiu um grau de tensão inédito desde então -segundo o comando americano, ao menos 83 soldados dos EUA morreram e 561 foram feridos nos primeiros 12 dias de abril, número de baixas que supera o de qualquer outro mês do pós-guerra. No mesmo período, segundo uma contagem independente da agência de notícias Associated Press, mais de 800 iraquianos foram mortos.
Em Karbala, mais cinco pessoas morreram em confrontos.
Na outra frente de batalha, Fallujah, novos confrontos eclodiram ontem após uma rápida trégua que sucedeu à morte de mais de 600 iraquianos. Um helicóptero dos EUA foi derrubado, ferindo três soldados, e um marine foi morto. A cidade, um bastião sunita, está cercada pelos EUA desde o último dia 5, quando insurgentes mataram quatro civis americanos, mutilaram, queimaram e exibiram seus cadáveres.
As forças dos EUA acreditam que o terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, suspeito de coordenar atentados no país, esteja em Fallujah.


Com agências internacionais

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