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TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Tropas enfrentam guardas de fronteira albaneses; Belgrado nega invasão, mas admite ofensiva na região
Iugoslávia faz ataque em solo da Albânia
das agências internacionais
Tropas da Iugoslávia entraram ontem na
Albânia e enfrentaram guardas de fronteira
e integrantes do
Exército de Libertação de Kosovo (ELK).
A Iugoslávia negou ter invadido
o país vizinho, mas admitiu ações
na região fronteiriça.
"Havia 6.000 terroristas albaneses (do ELK), muito bem armados,
tentando se infiltrar em Kosovo",
disse porta-voz da chancelaria iugoslava.
Oficiais da Otan (aliança militar
ocidental, liderada pelos EUA) temem que o conflito militar se espalhe para outras regiões da península balcânica.
"Já deixamos claro que condenamos os esforços sérvios de tentar
ampliar esse conflito. A Otan vai lidar com a maior seriedade em
qualquer tentativa dos sérvios de
agir além de suas fronteiras", declarou a secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright.
Funcionários da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e a TV albanesa
disseram que entre 50 e 100 soldados do Exército iugoslavo tomaram o posto fronteiriço e o vilarejo
de Kamenica (250 km ao norte da
capital Tirana), localizado a cerca
de 2 km da fronteira.
A região, onde está a divisa entre
a Província de Kosovo e a Albânia,
tem sido local de choques diários
entre o ELK e as tropas sérvias (a
Sérvia, junto com a República de
Montenegro, forma a atual Iugoslávia).
Segundo a OSCE, três civis e pelo
menos quatro guerrilheiros do
ELK morreram em bombardeios
da artilharia iugoslava desde sexta.
Ontem, as tropas sérvias lançaram morteiros sobre os vilarejos
de Padesh e Zogaj, destruindo e incendiando casas. Depois, voltaram
ao seu território. Não há notícias
de vítimas no incidente.
A Albânia acusa o ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic, de atacar seu território na tentativa de
provocar sua entrada na guerra.
Milosevic afirma que a Albânia
patrocina, arma e serve de base para os separatistas de etnia albanesa
da Província de Kosovo.
O presidente albanês, Rexhep
Meidani, disse que a ação de ontem foi uma "provocação". "É como todas as outras provocações
que tivemos nos últimos dias, uma
tentativa de mudar a natureza deste conflito", afirmou. "Mas vamos
resistir para que a natureza do conflito não seja mudada."
O ministro da Defesa da França.
Alain Richard, confirmou ontem
que a Otan tem conhecimento da
presença de "pequenos campos de
treinamento" do ELK em território
da Albânia.
O governo albanês prometeu
agir em concordância com a Otan
em uma eventual resposta à ação.
A aliança ocidental está enviando
8.000 soldados para auxiliar na
ajuda humanitária aos mais de 300
mil refugiados kosovares que buscaram abrigo no país.
O ELK, que luta pela separação
de Kosovo do restante da Iugoslávia, sofreu duras perdas devido a
recente ofensiva das tropas sérvias.
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