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EUROPA
Partido do extremista assassinado Pim Fortuyn dispõe de 18,5% das intenções de voto para a eleição de amanhã
Extrema direita holandesa já está em 2º
DA REUTERS
A popularidade póstuma do líder holandês de extrema direita
Pim Fortuyn levou seu partido ao
segundo lugar nas intenções de
voto nas eleições de amanhã na
Holanda, de acordo com uma
pesquisa divulgada ontem, a primeira desde que Fortuyn foi morto, na semana passada.
Segundo a pesquisa, conduzida
pelo instituto Nipo para o programa de TV 2Vandaag, o Lista de
Pim Fortuyn (LPF, que engloba os
partidos locais de extrema direita), fundado há três meses, fica
atrás apenas do CDA (Partido Democrata Cristão), com 18,5% das
intenções de voto, ou 28 das 150
cadeiras do Parlamento. Na pesquisa anterior do instituto, de 1º
de maio, o LPF tinha 17% das intenções de voto (26 cadeiras).
O CDA -que saiu do governo
em 1994, após mais de 70 anos no
poder- teria 20,5% dos votos, ou
31 cadeiras, em comparação a
19,3% na última pesquisa e 18,4%
na Câmara Baixa hoje.
Alguns especialistas advertiram
que as cédulas podem ser usadas
amanhã como "livros de condolências" por holandeses chocados
com a morte de Fortuyn, 54, mas
outros duvidam da capacidade do
LPF de arregimentar eleitores
sem seu carismático fundador.
O controverso Fortuyn, sociólogo abertamente homossexual, se
opunha à entrada de novos imigrantes na Holanda, chamava o
islã de "retrógrado", defendia a
tolerância zero em relação ao crime e desprezava um establishment político que classificava de
complacente e fora de sintonia
com a população.
O LPF -cujos candidatos incluem uma ex-Miss Holanda, um
criador de porcos e um apresentador de TV, mas poucos políticos
experientes- escolheu um novo
líder para substituir Fortuyn.
Esse novo dirigente, Peter Langendam, manteve a tradição polêmica de Fortuyn ontem ao acusar
partidos de esquerda de incitar
um sentimento de ódio que teria
levado a seu assassinato.
"[O líder do partido Esquerda
Verde Paul] Rosenmoeller o chamou de racista. [O premiê Wim] Kok disse que Fortuyn semeava a discórdia. Isso só cria uma atmosfera na qual idiotas podem se justificar", disse Langendam ao jornal "Het Parool". "A bala veio da
esquerda, não da direita."
Langendam, 53, disse que políticos haviam chorado "lágrimas de
crocodilo" por Fortuyn. "Eles negam sua responsabilidade conjunta. Eu não aceito isso. Isso é justificar o assassinato."
Kok, para cuja legenda, o PvdA
(Partido Trabalhista), a pesquisa
dá 16,5% dos votos -quase metade do que obteve em 1998-,
disse que os comentários de Langendam foram longe demais.
"Tive um arrepio na espinha ao
ler aquilo", disse Kok. "Eu tinha
pedido calma e respeito mútuo.
Todos fizeram isso até agora. É assustador que Langendam ponha
lenha na fogueira dessa forma."
Advogados de Fortuyn abriram
ontem um processo contra vários
jornalistas e três políticos dos partidos que formam a coalizão no
governo por supostamente incitar
o ódio a ele. Segundo os advogados, Gerard Spong e Oscar Hammerstein, Fortuyn lhes pedira que
abrissem uma investigação se algo acontecesse a ele.
Langendam afirmou esperar
que seu partido ganhe mais cadeiras no Parlamento. "Vinte é muito pouco. Queremos 40 ou 50 para
que ninguém possa nos ignorar."
O LPF declarou que nomeará,
após a eleição, um sucessor definitivo para Fortuyn. Landendam
disse não ter interesse na política
no longo prazo. "Eu odeio política. Só queria ajudar Pim. Agora
preciso aguentar para assegurar que as eleições corram bem."
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