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EPIDEMIA
Medicamento sairia em meses
Estudo abre caminho para droga anti-Sars
MAGGIE FOX
DA REUTERS
Pesquisadores da Alemanha
disseram ontem ter encontrado
um ponto fraco no vírus que causa a pneumonia asiática e que
uma droga contra o resfriado comum poderia ser modificada para tratar a infecção mortal.
Embora ressaltem que ninguém
tem ainda uma droga para curar a
Sars (síndrome respiratória aguda grave, na siga em inglês), eles
afirmaram que sua descoberta
pode ser usada como ponto de
partida. Essa droga poderia ser
produzida em alguns meses.
A Sars já matou 580 pessoas e
infectou cerca de 7.000 no mundo
todo desde que surgiu, em novembro, na China. Ela é causada
por um tipo novo de coronavírus
-membro de uma família de vírus que causam resfriado.
Esse vírus, no entanto, tem um
ponto fraco: uma proteína chamada protease, que é chave para a
sua replicação. Se ele não pode se
replicar, não pode causar o mal.
"Se você conseguir acertar esse
alvo, você terá acertado o calcanhar-de-aquilies do vírus", afirmou o biólogo Rolf Hingenfeld,
da Universidade de Lübeck, coordenador do estudo.
O grupo de Hingenfeld trabalha
com dois parentes próximos do
micróbio da Sars, um que causa
resfriado em humanos e outro
que causa diarréia em porcos.
Segundo o pesquisador, que publicou suas conclusões na edição
on-line da revista "Science", a
protease usada por esses dois vírus é muito parecida com a do
causador da superpneumonia.
O laboratório de Hingenfeld
tem uma droga que inibe a protease, mas que é tóxica demais para ser usada em humanos. No entanto, eles descobriram uma droga parecida, que está sendo testada contra um rinovírus -outro
causador do resfriado comum.
Feita pela gigante farmacêutica
Pfizer, essa droga bloqueia a protease do rinovírus.
O composto, conhecido apenas
como AG7088, está na sua fase final de testes em humanos. "Nós
conseguimos sobrepor as duas estruturas. Elas são muito parecidas", disse Hingenfeld ontem.
"Portanto, podemos concluir
que uma droga para rinovírus pode ser um bom ponto de partida
contra a Sars", afirmou.
Essa droga, no entanto, não se
encaixa com perfeição na "fechadura" molecular do vírus e precisaria sofrer algumas modificações
para que pudesse ser usada. "Provavelmente será uma questão de
poucos meses até que surja um
bom inibidor", disse.
Doença persiste na China
Ontem, especialistas da OMS
disseram que a epidemia não
mostra sinais de derrota na China, apesar de o número de casos
estar caindo no país -à exceção
de Taiwan, onde houve aumento.
O diretor-geral do FMI (Fundo
Monetário Internacional), Hörst
Köhler, afirmou que o impacto da
doença sobre a economia da Ásia
será "administrável" se a epidemia for contida logo.
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