UOL


São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA SEM LIMITES

Presidente suspeita que rede terrorista esteja por trás de ação que matou ao menos 29

Bush liga Al Qaeda a ataques em Riad

DA REDAÇÃO

Visivelmente irritado, o presidente George W. Bush disse ontem que suspeita que a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, esteja por trás dos atentados suicidas que deixaram ao menos 29 mortos em Riad, capital da Arábia Saudita, e prometeu que não vai descansar enquanto os culpados não forem capturados.
"Ainda não posso dizer com certeza que foi a Al Qaeda, mas não ficaria surpreso se recebesse essa notícia", disse Bush.
As explosões, que ocorreram horas antes da chegada do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, a Riad, foram o primeiro grande ataque aos interesses dos EUA desde a guerra no Iraque.
Bush disse que ainda era cedo para saber se as autoridades sauditas tinham feito o suficiente para evitar os atentados. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, o general Richard Myers, afirmou que os atentados não afetarão as relações entre os EUA e a Arábia Saudita.
No entanto os EUA vão ordenar a seus diplomatas "não-essenciais" e às famílias dos membros de seu corpo diplomático que vivem na Arábia Saudita que deixem o país, de acordo com funcionários do governo americano.
"Enquanto a Al Qaeda não for totalmente controlada, os terroristas tentarão atacar os americanos, nossos amigos e nossos aliados", declarou Bush, prometendo continuar sua luta contra a Al Qaeda, autora dos ataques ocorridos em 11 de setembro de 2001.
"Os EUA encontrarão os assassinos, e eles aprenderão o significado da justiça americana", disse.
Autoridades americanas que pediram para não serem identificadas afirmaram haver provas de que a Al Qaeda estaria planejando outros ataques, segundo a rede de TV americana CNN.
Quando chegou a Riad, Powell condenou os ataques terroristas e visitou um dos complexos residenciais atacados. Segundo ele, os atentados têm o "selo da Al Qaeda", pois foram sincronizados e bem organizados.
Powell não ficou nem um dia inteiro em Riad antes de partir para a Rússia. Ele ouviu do chanceler saudita, o príncipe Saud al Faisal, que a Arábia Saudita ajudará na guerra ao terrorismo.
Já o príncipe herdeiro saudita, Abdullah, prometeu "pôr fim" ao crime organizado e afirmou que os autores dos atentados "queimarão no fogo do inferno".
Segundo autoridades sauditas, as explosões deixaram 29 mortos, incluindo nove terroristas. Os outros mortos foram sete americanos (funcionários da empresa Northrop Grumman), sete sauditas, dois filipinos (também da Northrop Grumman), dois jordanianos, um libanês e um suíço, de acordo com as mesmas fontes.
Porém o número de mortos deu origem a confusões. Até o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, chegou a afirmar que havia 91 mortos, mas a informação não foi confirmada pelos sauditas. A CNN, na noite de ontem, citava 21 mortos, além dos terroristas.
O FBI (polícia federal dos EUA) enviará uma equipe de agentes graduados a Riad para ajudar na investigação dos atentados.
John Pistole, vice-diretor-assistente do FBI para assuntos ligados a contraterrorismo, comandará uma equipe de até 12 agentes e técnicos, segundo Bill Carter, porta-voz do órgão. O governo saudita teria autorizado a participação da equipe do FBI na investigação.
Normalmente, o FBI mantém um funcionário em Riad para fazer a ligação entre a polícia local e os órgãos que trabalham com contraterrorismo nos EUA. O FBI participou de outras operações internacionais no passado recente, como a investigação dos ataques às embaixadas dos EUA na África (1998) e ao destróier americano USS Cole no Iêmen (2000).

Reações internacionais
O premiê britânico, Tony Blair, condenou os atentados suicidas, classificando-os de "ultrajantes".
Já o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, lamentou a "perda de vidas inocentes" e afirmou que manterá "sua solidariedade" com a guerra ao terrorismo. Segundo Berlim, haverá uma preocupação maior com a segurança durante a visita de Powell à Alemanha, na sexta-feira.
Líderes políticos de vários países também condenaram os ataques. Kofi Annan, secretário-geral da ONU, disse que os atentados mostram que o terrorismo ainda existe e deve ser enfrentado.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Epidemia: Estudo abre caminho para droga anti-Sars
Próximo Texto: Ataque sincronizado abala "ilhas" ocidentais
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.