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CIA usa coerção contra Al Qaeda e teme exposição
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
A CIA (agência de inteligência
dos EUA) vem utilizando métodos de interrogatório coercivos
contra um grupo seleto de líderes
e agentes de alto nível da rede terrorista Al Qaeda. Eles vêm gerando na própria agência o temor
crescente de que possam estar
sendo cometidos abusos. A informação é de autoridades atuais e
antigas de contraterrorismo.
Pelo menos um funcionário da
agência sofreu medida disciplinar
por ter ameaçado um detento
com uma arma durante um interrogatório. No caso de Khalid
Shaikh Mohammed, um detento
de alto nível que, acredita-se, ajudou a planejar os ataques do 11 de
Setembro, os interrogadores usaram bastante força, incluindo
uma técnica conhecida como
"water boarding", na qual o prisioneiro é amarrado, empurrado
à força debaixo de água e levado a
crer que pode morrer afogado.
Essas técnicas foram autorizadas por um conjunto de normas
secretas para o interrogatório de
prisioneiros de alto nível da Al
Qaeda, nenhum dos quais, ao que
se sabe, abrigados no Iraque, que
foram ratificadas por pareceres
legais secretos do Departamento
da Justiça e da CIA. As regras estavam entre as primeiras adotadas
após o 11 de Setembro para o tratamento de detentos e podem ter
ajudado a criar em todo o governo a idéia nova de que os agentes
passariam a gozar de liberdade
maior para usar a força.
Os defensores da operação disseram que os métodos não chegam a constituir tortura, que não
violam os estatutos americanos
antitortura e que foram necessários para travar a guerra contra
um inimigo nebuloso cuja força e
cujas intenções só poderiam ser
avaliados por meio de informações arrancadas de detentos avessos a cooperar. Os interrogadores
tentavam descobrir se poderia haver outro ataque contra os EUA.
Os métodos empregados pela
CIA são tão severos que altos funcionários do FBI (polícia federal)
orientaram seus agentes a ficar de
fora de muitos dos interrogatórios. Os funcionários do FBI avisaram o diretor do organismo,
Robert S. Mueller, que as técnicas
seriam proibidas e corriam o risco
de comprometer seus agentes em
processos criminais futuros.
Após o 11 do Setembro, o presidente George W. Bush assinou
uma série de diretrizes autorizando a CIA a conduzir uma guerra
oculta contra a Al Qaeda de Osama Bin Laden. As diretrizes autorizaram a CIA a matar ou capturar líderes da Al Qaeda, mas não
está certo se a Casa Branca aprovou regras específicas.
A Casa Branca e a CIA se negaram a comentar o assunto.
O programa de detenção é o
componente mais sigiloso de um
regime amplo de detenção e interrogatório implantado após o 11 de
Setembro e a Guerra do Afeganistão (2001) e que inclui as prisões
administradas pelos militares no
Iraque e em Guantánamo.
Agora a CIA teme que os inquéritos criminais e no Congresso sobre abusos cometidos em prisões
do Pentágono possam levar a
uma investigação do tratamento
dado pela agência aos detentos da
Al Qaeda. Até agora a CIA vem recusando a qualquer grupo independente acesso aos detentos de
alto nível (de 12 a 20) que vêm
sendo mantidos em sigilo rígido.
As táticas usadas simulam a tortura, mas, segundo autoridades,
não devem causar ferimentos graves. Autoridades de contraterrorismo dizem que detentos também foram enviados a outros países, onde são convencidos de que
podem ser executados, ou então
ludibriados para acreditar que foram enviados a tais países. Alguns
foram espancados e privados de
comida, luz e remédios.
"Alguns envolvidos receiam
que os EUA possam ter um presidente novo ou que o clima vigente
mude e que então possam ser chamados à responsabilidade", comentou uma fonte. "Isso já está
acontecendo, e em menos tempo
do que se previa." A CIA abriu inquérito para apurar as mortes de
três detentos de nível baixo no
Iraque e no Afeganistão.
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