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ÍNDIA
Em vitória inesperada, Partido do Congresso obtém maioria no Parlamento e deve indicar Sonia Gandhi como primeira-ministra
Surpresa eleitoral devolve poder aos Gandhis
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro da Índia,
Atal Behari Vajpayee, renunciou
ontem após a surpreendente derrota de seu partido nas eleições
parlamentares. Ele continuará no
cargo até a definição de seu sucessor, que deverá ser a herdeira da
dinastia Nehru-Gandhi, Sonia
Gandhi.
Após oito anos na oposição, o
Partido do Congresso volta ao poder pelas mãos de uma líder de 57
anos nascida na Itália.
"O povo deu seu veredicto. Eu o
aceito. O meu partido pode ter
perdido, mas a Índia venceu. Tenho, no entanto, a satisfação de
ver que nosso país está agora mais
próspero e forte do que quando
vocês nos colocaram no governo", declarou Vajpayee, do Partido Bharatiya Janata (BJP).
A eleição, que aconteceu em
cinco etapas entre os dias 20 de
abril e 10 deste mês devido ao tamanho do eleitorado, levou às urnas 370 milhões de eleitores, com
um índice elevado de abstenção
(cerca de 45%). Com a apuração
quase terminada, a coalizão liderada pelo Partido do Congresso e
que também terá o apoio de um
bloco de partidos de esquerda
ocupará ao menos 278 das 543 cadeiras do Parlamento.
O BJP deve ficar com apenas 183
vagas. A coalizão liderada por
Vajpayee perdeu um terço de seus
deputados, incluindo a vaga ocupada pelo chanceler Yashwant Sinha.
O resultado, não previsto por
analistas e pesquisas de opinião,
foi uma larga rejeição da maioria
indiana pobre e moradora das
áreas rurais à política econômica
do BJP, expressa no slogan de
campanha "India shinning" (Índia luminosa). A confiança -ou
arrogância, para muitos críticos- de Vajpayee e do BJP era
tanta que eles decidiram antecipar a eleição em seis meses, acreditando que se beneficiariam, nas
urnas, do bom desempenho econômico do governo.
Apesar de a economia estar vivendo um momento de grande
expansão, com taxa de crescimento de 10,4% em 2003, a maioria da população sente-se excluídas desse boom -cerca de 300
milhões de indianos vivem com
menos de um dólar por dia.
Não se espera, no entanto, que o
governo do Partido do Congresso
vá promover mudanças significativas na política de gradual liberalização da terceira maior economia da Ásia.
Aparentemente, os eleitores
também deram ouvidos à mensagem de Gandhi em defesa de um
país secular, em contraste com a
posição marcadamente pró-hindu do BJP. Essa linha nacionalista-religiosa do partido de Vajpayee acabou deixando mais tensas
as relações entre a maioria hindu
(80%) e a minoria muçulmana
(14%).
"O Partido do Congresso vai garantir que nosso país tenha um
governo forte, estável e secular",
afirmou Gandhi em rápido pronunciamento.
Um dos principais temas da
campanha eleitoral foram as negociações de paz iniciadas por
Vajpayee com o Paquistão. Os
dois países, que têm armas nucleares, já travaram três guerras
(1948, 1965 e 1971) -duas delas
por divergências quanto à Caxemira.
A Índia, que domina 45% da
Caxemira, considera a região de
maioria muçulmana como parte
de seu território. O Paquistão, que
controla cerca de um terço da Caxemira, defende a proposta da
ONU que pede a realização de um
plebiscito.
Gandhi afirmou ontem que o
processo não será interrompido.
"Desde o começo nós apoiamos
as iniciativas do primeiro-ministro junto ao Paquistão."
Tanto o governo do Paquistão
quanto os separatistas da Caxemira manifestaram-se esperançosos na continuação das conversas
de paz. "Esse processo não tem
nada a ver com pessoas. Tem a ver
com nações e povos", disse Rashid Ahmed, ministro da Informação paquistanês.
Com agências internacionais
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