São Paulo, quinta, 14 de maio de 1998

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VISÕES DIFERENTES
População palestina protesta contra a criação de Israel; mais manifestações devem ocorrer hoje
Palestinos lembram 'dia da catástrofe'

das agências internacionais

Centenas de palestinos realizaram ontem manifestações nos territórios ocupados por Israel (faixa de Gaza e Cisjordânia), na véspera do 50º aniversário da criação do Estado judeu.
Israel completa 50 anos de existência hoje, de acordo com o calendário cristão. No calendário judaico deste ano, a fundação do país ocorreu em 30 de abril.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, disse que "al nakba" (a catástrofe, em árabe) representa o "dia mais infeliz da história palestina", referindo-se ao dia da criação de Israel.
Os manifestantes palestinos carregavam chaves de casas anteriormente habitadas por seus familiares e defendiam o retorno às vilas e cidades onde eles moravam antes de 1948, quando 770 mil palestinos deixaram Israel, segundo a ONU.
"Avô, não se preocupe. Dê-me a chave, e eu voltarei", cantavam as crianças do campo de refugiados de Dheisheh, perto de Belém. Elas carregavam no peito o nome de cidades árabes destruídas em 1948.
Em 1947, a ONU anunciou a Partilha da Palestina, criando um Estado judeu e um Estado palestino. Israel proclamou independência no ano seguinte e foi atacado por forças árabes contrárias ao surgimento do Estado judeu.
Na "Marcha das Mil Chaves", como foi chamado o protesto, palestinos agitavam bandeiras nacionais e bandeiras negras de luto.
Estudantes palestinos queimaram bandeiras de Israel, EUA e Reino Unido.
A TV palestina transmitiu documentários sobre os eventos que levaram à criação do Estado de Israel, canções palestinas e imagens da repressão israelense à Intifada (levante palestino entre 1987 e 1993 nos territórios ocupados por Israel).
A população palestina foi convocada a participar de uma manifestação hoje, à qual devem comparecer 1 milhão de pessoas, segundo os organizadores do evento. Apesar das divisões entre os que apóiam o processo de paz com Israel e os oposicionistas, participam das celebrações, além da ANP, grupos como o Hamas (movimento extremista muçulmano).
Um dos comitês de organização dos protestos de hoje pediu aos palestinos que trabalham em Israel que fiquem nos territórios ocupados e participem dos eventos. Pediu aos comerciantes que fechem as lojas às 17h para participar da marcha.
Alto-falantes devem reproduzir o som de sirenes ao meio-dia e, em seguida, palestinos farão um minuto de silêncio para homenagear os mortos em conflitos contra Israel.

Ataque no Líbano
Aviões israelenses bombardearam o acampamento do grupo extremista palestino Rebelião-Fatah no leste do Líbano. Dez pessoas morreram e pelo menos 22 ficaram feridas.



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