São Paulo, quinta, 14 de maio de 1998

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CORRIDA NUCLEAR
Presidente dos EUA anuncia corte de ajuda e outras sanções econômicas contra o governo indiano
Índia ignora ameaça e faz 2 novas explosões

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

Depois de ter tomado conhecimento de dois novos testes nucleares realizados ontem pela Índia, o governo dos EUA impôs sanções econômicas contra o país.
Em Potsdam, Alemanha, o presidente Bill Clinton, disse ser "imperativo" mostrar "categórica oposição" aos "injustificáveis" testes que criaram "perigosa nova instabilidade" na Ásia.
As sanções determinam o fim da assistência americana à Índia (exceto a humanitária), proíbem a exportação de armas e tecnologia militar ao país e impedem os bancos americanos de fazer empréstimos ao governo ou a empresas indianas. Além disso, os EUA vão votar contra qualquer empréstimo à Índia em órgãos multilaterais.
Em Washington, a principal preocupação política deflagrada pelos acontecimentos na Índia é com o fato de que o governo dos EUA foi pego de surpresa pela notícia dos testes nucleares, os primeiros daquele país em 24 anos.
O diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), George Tenet, deu prazo até o próximo dia 22 para uma comissão especial apurar por que ela não soube dos testes antes de eles terem acontecido.
Para o senador Richard Shelby, da oposição, o episódio marca "um fracasso colossal" dos serviços de inteligência dos EUA.
Segundo o jornal "The Washington Post", no domingo, cerca de sete horas antes da explosão, um satélite espião dos EUA registrou no deserto de Thar, na Índia, atividades típicas de preparação de testes nucleares.
Mas, como não houvera indícios anteriores de que uma explosão atômica estivesse sendo preparada pelo governo indiano, nenhum especialista em Índia estava trabalhando na CIA domingo à noite.
Clinton recebeu carta do premiê indiano, Atal Behari Vajpayee, que citou "ameaças" de não nomeados vizinhos para justificar os testes e disse esperar "compreensão" para "preocupações com a segurança da Índia".
O presidente norte-americano puniu a Índia com base em lei de 1994 destinada a impedir a proliferação de países com capacidade nuclear. Ele pediu a seus aliados que o acompanhem nas sanções.
O chanceler (premiê) alemão, Helmut Kohl, que estava ao lado de Clinton no anúncio das sanções, condenou os testes, mas se comprometeu só a "examinar" a possibilidade de aderir às sanções.
Os EUA são o principal parceiro econômico da Índia (com exportações de U$ 7,3 bilhões e importações de U$ 7,7 bilhões no ano passado).



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