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INDONÉSIA
Presidente, no poder há 32 anos, antecipa volta de viagem após distúrbios que deixaram dez mortos no país
Suharto já admite deixar o poder
das agências internacionais
O presidente Suharto, da Indonésia, afirmou pela primeira vez
que pode deixar o poder no país.
"Se eu não sou mais merecedor
de confiança, me tornarei um sábio, lutarei para me aproximar de
Deus", disse o presidente em visita ao Cairo, segundo o jornal "Jakarta Post". "Não usarei a força
das armas", afirmou ele, segundo
o jornal.
Suharto antecipou para hoje o
retorno ao seu país depois de pelo
menos dez pessoas terem morrido
ontem em novos distúrbios na capital, Jacarta, em meio a manifestações contra o governo e a ataques e saques contra o comércio.
O presidente foi ao Egito para
uma cúpula de países em desenvolvimento.
Após a divulgação das declarações de Suharto, a cotação da rupia subiu cerca de 10%. O mercado
financeiro interpretou a possibilidade de renúncia como uma chance de encerrar a crise no país.
Residentes da capital afirmaram
que nove pessoas, provavelmente
de origem chinesa, foram mortas
durante a noite por uma multidão
de saqueadores. Os chineses, minoria étnica que domina o comércio na Indonésia, costumam ser
bodes expiatórios em momentos
de crise. Segundo testemunhas, os
saques duraram diversas horas.
Carros e lojas foram queimados.
Às portas da Universidade Trisakti, outro corpo podia ser visto
depois de a polícia voltar a entrar
em choque com milhares de estudantes que realizavam um ato pedindo reformas econômicas e o
fim do regime do presidente Suharto, há 32 anos no poder.
Anteontem, no mesmo local,
seis estudantes haviam sido mortos a tiros em meio a choques com
as forças de segurança.
A instabilidade social na Indonésia, um arquipélago de 200 milhões de habitantes, estourou depois de a crise asiática ter atingido
o país, no maior abalo econômico
dos últimos 30 anos. Houve desvalorização da moeda, a rupia, e subiram o desemprego e a inflação.
Os estudantes têm liderado as
manifestações contra o regime do
presidente indonésio, iniciadas na
metade de fevereiro.
Ontem, milhares deles entraram
em choque com a polícia nas cidades de Yogyakarta e Bandung. Não
há informações sobre vítimas. Em
Surabaya, a polícia permitiu que
30 mil estudantes tomassem as
ruas, evitando a violência.
Os EUA e a União Européia pediram que o governo indonésio
pare de utilizar armas de fogo contra os protestos populares e passe
a respeitar os direitos individuais.
"Repetimos o pedido para que
as forças de segurança evitem usar
a força", disse James Rubin, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
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