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Campanha pode levar EUA para o meio de uma briga entre vizinhos
DO "FINANCIAL TIMES"
Quando as forças americanas
invadiram Thuluiya nesta semana, na maior caçada ao que chamam de terroristas no Iraque desde o fim da guerra, atacaram um
bastião da resistência -ou, simplesmente, deram de cara com
uma rixa entre vizinhos.
Thuluiya, ao norte de Bagdá e às
margens do Tigre, é um povoado
de maioria sunita, habitado pela
tribo Jbur, uma das maiores do
Iraque. A 20 quilômetros dali, fica
Balad, cidade de maioria xiita,
com um histórico de conflitos
com seus vizinhos sunitas.
Os xiitas são majoritários no
Iraque, país que foi dominado pelos sunitas durante os 24 anos de
regime do ditador Saddam Hussein, um sunita.
Nabil Daweesh Mohammed,
ex-chefe de polícia e atual prefeito
de Balad, assume prontamente o
crédito por ajudar as forças americanas em Thuluiya. Ele acusa o
xeque Jbur na cidade vizinha, Abdul Hamid Shweish, de liderar
uma quadrilha de guerrilheiros
do Baath, o partido ao qual pertencia Saddam Hussein, que estaria atacando os soldados americanos na região.
"O xeque Abdul Hamid é o
principal baathista, o homem que
controla a província. Não vá a
Thuluiya a menos que você queira
uma bala em seu carro: é o lugar
mais perigoso do Iraque", diz
Mohammed.
Aparentemente, as forças americanas decidiram que isso requeria uma resposta da parte das tropas de ocupação e atacaram as
forças locais.
Ligação iraniana
Shweish, o suposto mentor dos
"terroristas", se mostrou um homem gentil e hospitaleiro ansioso
para limpar a reputação de sua
tribo. Mas tudo o que fez foi acusar Mohammed.
"Os soldados americanos conseguiram informações e fontes
em Balad. Isso está claro. E em Balad há agentes iranianos, da Corporação Badr [milícia apoiada pelo Irã em ação no Iraque]", disse
Shweish.
O coronel Ron Thorsett, comandante da 308ª Brigada de Assuntos Civis do Exército americano, disse estar ciente da rixa entre
Thuluiya e Balad.
Já o coronel Bill Macdonald,
porta-voz da 4ª Divisão de Infantaria dos EUA, defende as informações coletadas pela inteligência americana.
"Temos soldados especialmente treinados que trabalham com a
população local para coletar informações", disse o coronel americano. "E temos recursos para filtrar essas informações e tomar
decisões. E, enfatizo, usamos mais
do que apenas inteligência humana para identificar os alvos",
acrescentou Macdonald.
Não seria a primeira vez, no entanto, que as forças dos EUA se
deixariam levar por uma rixa local. Na campanha militar no Afeganistão, em 2001, as forças americanas confiavam em informações locais em sua caçada pela rede terrorista Al Qaeda, do saudita
Osama bin Laden, que depois se
mostraram nada além de rivalidades locais.
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