São Paulo, segunda, 14 de julho de 1997.



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ORIENTE MÉDIO
Governo acusa líder do Legislativo palestino de participar de ofensa ao símbolo nacional; ele nega
Queima de bandeira irrita israelenses

das agências internacionais

A queima de uma bandeira durante uma manifestação abriu uma nova crise diplomática entre palestinos e israelenses. O governo de Israel acusa uma das principais autoridades palestinas, Ahmed Korei, de ter tomado parte no ato.
Korei, que é presidente do Conselho Legislativo Palestino, diz que não participou das ofensas à bandeira e que a queima dela não estava planejada. "Foi uma surpresa para mim", disse.
A manifestação aconteceu no sábado em Ramallah, cidade da Cisjordânia sob administração palestina, e contou com mil pessoas. Elas protestavam contra a expansão de assentamentos judeus.
"Ainda que eu achasse que a queima da bandeira fosse solucionar o problema, eu a queimaria com minhas mãos. Mas não. Nosso problema com Israel é terra, não a bandeira", disse o legislador palestino.
Os israelenses dizem que Korei pisoteou a bandeira azul e branca do Estado de Israel, mas ele também nega isso. Danny Naveh, secretário do gabinete direitista de Israel, disse que, para as negociações de paz recomeçarem, os líderes palestinos precisam se distanciar dos atos de violência.
Esses atos ganharam força há quatro meses, quando o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu anunciou a construção de um novo assentamento judeu em Jerusalém oriental, região reivindicada pelos palestinos como capital de um eventual Estado seu.
Os choques vêm acontecendo principalmente em Hebron, cidade da Cisjordânia que é administrada em conjunto por palestinos e israelenses.
Durante a noite de ontem, soldados israelenses construíram barreiras de concreto na linha que divide as regiões na cidade, para tentar conter os ataques quase diários dos árabes. Os palestinos protestaram, dizendo que os soldados estavam impondo uma punição injustificada aos 20 mil árabes que vivem no setor israelense e ficaram isolados dos outros 80 mil da cidade. No setor israelense vivem 400 judeus.
Mas as barreiras de nada adiantaram.
Palestinos voltaram a lançar pedras e bombas incendiárias em direção à parte israelense. A resposta, com balas de borracha e armas de fogo, fez com que 16 árabes ficassem feridos.
Entre eles há cinco jornalistas que acompanhavam as manifestações. O caso mais grave é o de um cinegrafista de Abu Dhabi, Emirados Árabes, que foi atingido na cabeça por uma bala de borracha.
"Nossa atitude agora é claramente de protestar junto às autoridades para que nos permitam cobrir os eventos", disse Conny Mus, vice-diretor da Associação da Imprensa Estrangeira.
A postura do governo israelense será manter a resposta às agressões dos árabes, anunciou o premiê Netanyahu. "Nosso objetivo é evitar a deterioração da situação, mas se ela ocorrer do outro lado, haverá um preço muito alto."



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