São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

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CAXEMIRA

Militantes islâmicos se disfarçaram de sacerdotes em templo de Jammu; vítimas são sobretudo mulheres e crianças

Atentado separatista mata 24 e fere 20

DA REDAÇÃO

Pelo menos 24 civis -sobretudo mulheres e crianças- foram mortos e 20 ficaram feridos ontem à noite quando militantes islâmicos separatistas abriram fogo e lançaram granadas em um templo de Jammu, a capital de inverno do Estado de Jammu-Caxemira (Índia).
O templo fica no bairro de Qasim, uma das áreas mais pobres e densamente povoadas de Jammu.
Segundo a polícia, a ação dos militantes foi facilitada porque três deles estariam disfarçados de sacerdotes hindus.
Entretanto nenhum grupo havia reivindicado a responsabilidade pela autoria do atentado.
Ashok Soutri, o chefe da polícia, disse que as autoridades suspeitam de que o atentado tenha sido cometido pelo Lashkar-e-Tayyaba, o mais temido dos cerca de 12 grupos islâmicos baseados no Paquistão e que lutam pela independência da Caxemira.
Segundo testemunhas, cerca de oito militantes lançaram as três granadas e, em seguida, abriram fogo contra a multidão. Parte das pessoas teria sido atacada quando assistia pela TV a um jogo de críquete entre Índia e Paquistão.
Localizada no sul do Estado de Jammu-Caxemira, Jammu raras vezes testemunhou em sua história um tal grau de violência.
Só na última década, mais de 60 mil pessoas foram mortas no Estado, sobretudo no vale da Caxemira, ao norte. Contudo nos últimos meses a maior parte dos ataques tem ocorrido na região.
A tensão entre os dois países -potências nucleares, que já se enfrentaram em três guerras desde a independência, em 1947- tem aumentado desde que um ataque suicida a um ônibus e a um quartel do Exército indiano ocorrido em maio passado, também na Caxemira, deixou 35 mortos.
A Índia atribuiu o atentado a três separatistas muçulmanos de origem paquistanesa.
Em represália, Nova Déli expulsou o embaixador do Paquistão no país, Ashraf Jehangir Qazi.
O governo do Paquistão, entretanto, havia condenado o ataque e pedido a abertura de uma investigação sobre o incidente.
O governo da Índia não se manifestou sobre o ataque, mas é quase certo que deve aumentar a tensão com o Paquistão, que é acusado por Nova Déli de ter apoiado a maior parte dos atentados terroristas ocorridos na Índia.
A disputa pela Caxemira está no centro das últimas cinco décadas de hostilidades entre os dois países, que já travaram duas guerras pelo controle do território.
Pelo menos 1 milhão de soldados dos dois países está postado na fronteira.
O ataque de ontem ocorreu quando separatistas da Caxemira e seus rivais pró-Índia observavam o o Dia do Martírio, que comemora a revolta popular contra a monarquia, 70 anos atrás, que outrora havia dominado a Província do Himalaia. Quando os britânicos deixaram o subcontinente em 1947, a Província foi dividida entre Índia e Paquistão.
Em Srinagar, capital de verão do Estado de Jammu-Caxemira, soldados patrulhavam as ruas quase vazias da cidade, enquanto a maior parte dos escritórios e lojas estava fechada devido a uma greve convocada pelos grupos separatistas para protestar contra o domínio da Índia.


Com agências internacionais

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