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ANÁLISE SOLTURAS EM CUBA
A ilha deu um passo, mas faltam os mais importantes
É preciso ver se as libertações prenunciarão mais mudanças
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
A melhor avaliação do significado mais profundo da libertação de presos políticos
em marcha em Cuba foi feita
no jornal espanhol "El País"
pelo dissidente talvez mais
relevante, Héctor Palacios:
"É o passo mais sério que
deu o governo nos últimos 50
anos, em busca da concórdia
nacional, e pode abrir uma
nova etapa".
Palacios é um dos membros mais famosos do chamado Grupo dos 75, exatamente os que estão sendo libertados. Foi condenado em
2003 a 25 anos de cadeia, mas
foi solto por razões de saúde.
Exilou-se na Espanha, voltou
em 2008 e desde então lidera
uma importante plataforma
oposicionista do país.
Palacios pode ter autoridade para prever uma "nova
etapa", mas é conveniente
esperar para ver se a libertação de presos é de fato o início de mudanças que vão
além dos direitos humanos.
REFORMAS
Por muito relevantes que
sejam, Julia Sweig, diretora
de Estudos Latino-Americanos do Council on Foreign
Relations, diz que, "apesar
dos recentes holofotes, dissidentes e presos políticos não
estão no centro de um debate
bastante substancial que
ocorre hoje [em Cuba]".
O que de fato preocupa os
cubanos são as "reformas do
Estado, social, institucional,
educacional e econômicas
atualmente à mesa de discussões", diz Sweig.
A implementação de tais
reformas e o tempo para isso
é que determinará se se trata
de nova etapa ou só de mais
uma onda de libertações de
prisioneiros políticos. Seria a
quinta desde 1984.
O que talvez diferencie o
momento atual dos anteriores é que a libertação agora
se dá em uma moldura de
diálogo com atores internos
(a igreja) e externos (a Espanha, falando em nome da
UE), na primeira vez que Cuba aceita o que antes chamava de "ingerência".
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