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Deputados aprovam veto a véu islâmico na França
Caso seja promulgado, projeto proibirá mulheres de usar nicab ou burca
Texto impõe multa às mulheres que andarem de véu em público e até prisão a homens que as obrigarem a fazê-lo
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
A Assembleia Nacional
francesa aprovou ontem o
polêmico projeto de lei que
prevê a proibição do uso do
véu islâmico integral nas
ruas e em outros locais públicos na França.
O texto foi aprovado com
335 votos a favor e um contra.
A bancada do Partido Socialista e os ecologistas decidiram se abster, embora 20 deputados da esquerda tenham
votado a favor.
O projeto proíbe o uso tanto do nicab, que deixa descobertos apenas os olhos, como
da burca, que cobre o rosto
inteiro, com uma tela quadriculada na altura dos olhos.
Mulheres muçulmanas
que usarem esses véus terão
que pagar multas de 150, o
equivalente a R$ 335. Já
quem obrigar a mulher a cobrir o rosto pode pegar um
ano de prisão e pagar multa
de 30 mil, ou R$ 67 mil.
Partidos de oposição, organizações islâmicas e ONGs
ligadas aos direitos humanos
temem que o projeto acabe
marginalizando ainda mais
os muçulmanos na França.
O deputado François de
Rugy, do grupo ecologista,
disse à Folha que a proibição
vai estigmatizar as mulheres
que usam o véu. Ele também
denunciou uma "manobra
do governo para tentar desviar a atenção da população
dos assuntos que são realmente importantes".
Já a deputada Bérengère
Poletti, do partido governista
UMP, sustentou que o uso do
véu não é um preceito religioso e afirmou que a burca e o
nicab "ferem os princípios da
República francesa".
Grandes organizações islâmicas da França dizem que o
véu integral não é prescrição
do islã, mas defendem a liberdade de expressão.
Relatório de uma comissão parlamentar concluiu
que a prática é seguida por
1.900 mulheres no país. O
Conselho francês do Culto
Muçulmano confirma que a
prática é minoritária.
A nova lei só entrará em vigor após apreciação pelo Senado, prevista para setembro. Se não houver mudança,
o projeto irá para o Conselho
Constitucional francês e poderá ser promulgado antes
do final do ano. Em março, o
Conselho francês do Estado
havia emitido parecer desfavorável à proibição.
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