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Pai de soldado morto
quer saber "a verdade"
DE WASHINGTON
O mexicano Fernando Suárez,
de Escondido, Califórnia, recebeu
no final de março uma carta do
governo americano com notícias
de seu filho, Jesus, 30, que estava
no golfo Pérsico desde 2002.
"O papel dizia simplesmente
que meu filho estava morto, com
um tiro na cabeça", disse Suárez à
Folha. "Fiquei sabendo depois,
por seus companheiros, que, na
verdade, ele pisou em uma mina
colocada pelos próprios americanos na noite anterior. Seu pelotão
não foi avisado do perigo."
Suárez afirma estar "em busca
da verdade" desde que seu filho,
um capitão, morreu no Iraque.
"Sei que ele ficou esperando
mais de duas horas, ainda vivo,
por um helicóptero que o levasse
para um hospital. Não quero que
as famílias dos outros sofram o
que eu e a minha mulher estamos
sofrendo e chorando", disse Suárez ao justificar sua participação
na campanha lançada ontem.
Susan Schuman, de Massachusetts, mãe do sargento Justin
Schuman, 32, que está em Samarra (a 70 km de Bagdá) com outros
17 mil soldados americanos, é outra participante ativa.
"Hoje pela manhã soube das
novas mortes no Iraque e ainda
não consegui os nomes deles. Estou ansiosa, como todos os dias
quando acordo", disse Susan.
Seu filho Justin é da Guarda Nacional americana, uma força responsável por responder a desastres naturais no país e a outras situações internas de emergência.
"Justin não tinha a menor idéia
de que acabaria no Iraque, com
treinamento precário para uma
guerra. Ele dorme em um quarto
mínimo, com outros cinco, e se
alimenta de ração para soldados
há mais de 130 dias", conta.
Susan diz que o filho vinha
mandando e-mails frequentes até
duas semanas, quando a comunicação foi interrompida. "Não sei
onde ele está, se está ferido ou
não. Ele sempre me falava de 30,
40 incidentes graves por semana
que não aparecem nos jornais." O
filho não teme retaliação pelo fato
de a mãe falar contra a guerra?
"Perguntei a ele antes de entrar
nisso. Ele me disse que uma das
justificavas que deram à guerra
era a defesa da liberdade americana e que isso incluía o direito de
eu falar o que bem entendesse sobre o que quisesse."
Larry Syverson, de Richmond,
Virgínia, é pai de outros dois soldados. Bryce, 25, está em Bagdá, e
Brandon, 31, é o comandante de
um tanque em Tikrit.
Desde o início, Syverson protesta três vezes por semana contra a
guerra com um cartaz em que
mostra as fotos dos dois filhos.
"Eles não gostam disso. Meus filhos são soldados profissionais, só
reclamam do calor. Mas eu sou o
pai deles e sei que estão em uma
zona de guerra. E eles não têm
idéia do quanto isso me preocupa,
dia e noite", afirma.
Normalmente, Syverson faz seu
protesto solitário em frente à sede
da Corte Federal da Virgínia.
Ontem, depois do lançamento
da Bring Them Home Now (tragam-nos de volta agora, em inglês), em Washington, aproveitou
para protestar durante duas horas
em frente à Casa Branca.
(FCz)
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